Por: Stella Velho Moreira da Silva
Título do livro: A culpa é das estrelas
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 288
Hazel Grace, uma adolescente de 16 anos, está em estado terminal de câncer. Há muitas dificuldades explícitas em seu dia-a-dia, por isso seus pais a levam à um grupo de apoio, onde faz novas amizades e conhece Augustus Waters, um amigo inesquecível. John Green nos apresenta as dificuldades e o cotidiano desta garota de uma maneira sensível e dramática.
O dramatismo dos personagens é transferido para nós através de seus sentimentos. Esta sensação vai crescendo aos poucos em nosso interior. Os personagens lidam com diversas situações de uma forma que nos faz refletir cada vez mais sobre o que sentimos. Suas atitudes nos chateiam, nos deixam tristes, nos dão pena, mas tudo acaba no mesmo sentimento. Os personagens agem com naturalidade sob uma situação fatal. A doença. “Não vá me dizer que você é uma daquelas pessoas que encarnam a doença. Conheço tanta gente assim… Dá até pena. Tipo, o câncer é um negócio em fraco crescimento, certo? O negócio de tomar-as-pessoas-de-assalto. Mas é claro que você não deixou que ele saísse vencedor assim tão cedo.” Neste trecho, Augustus dá a sua opinião de maneira profunda e madura, deixando um drama ainda maior.
“Balancei a cabeça, concordando. Eu gostava do Augustus Waters. Gostava muito mesmo dele. Gostava de como a história dele terminava falando de outra pessoa. Gostava da voz dele. Gostava do fato de ele ter feito lances livres carregados de existencialismo. Gostava de ele ser professor titular no Departamento de Sorrisos Ligeiramente Tortos com duas cátedras no Departamento da Voz Que Me Deixa à Flor da Pele. E gostava de ele ter um apelido. Sempre gostei de pessoas com apelidos porque você pode escolher como chamá-las: Gus ou Augustus? Eu era sempre só Hazel, uma Hazel univalente”. Hazel justifica tudo o que pensa, deixando um “pano de fundo” de paixão. É muito sensível a forma que esta descreve o que gostava em Gus. Ela fala cada detalhe, repetindo a palavra “gostava”, o que faz com que nós pensemos o quanto isso é importante e significativo para ela, nos faz ver a intensidade da fala de H. Grace, nos faz refletir ainda mais. Com sensibilidade, Hazel deixa bem claro o que gostava em Augustus, uma das pessoas mais frequentes em seu cotidiano.
“Faltando pouco para eu completar meu décimo sétimo ano de vida minha mãe resolveu que eu estava deprimida, provavelmente porque quase nunca saía de casa, passava horas na cama, lia o mesmo livro várias vezes, raramente comia e dedicava grande parte do meu abundante tempo livre pensando na morte” Neste trecho, podemos ver que Hazel tem muitos problemas em seu cotidiano. São grandes problemas, que são escritos de forma dramática, pois, o fato de Hazel agir com naturalidade em relação à esta situação, nos faz pensar que este tipo de coisa é comum em seu dia-a-dia e que ela já está acostumada com isso. Com esse pensamento, sentimos pena dela, o que faz com que esta frase vire dramática e sensível, pois se trata de um assunto delicado.
O livro é envolvente e narrado em primeira pessoa. John Green consegue “controlar” nossos sentimentos durante a leitura. A cada frase, uma nova sensação surge ou é reforçada dentro de nós. Há muitos sentimentos por trás da narrativa que apenas são revelados no fim do livro, como a dor e a tristeza, que são um dos fatores que sustentam a história. A leitura deste livro é ideal para os leitores que gostam de uma história dolorosamente bela.