Por Angela Müller de Toledo
Esta história é narrada em primeira pessoa por uma jovem que conta sua vida desde criança, época em que morava num circo. Seu pai trabalhava como “faz-tudo”, sua mãe era bilheteira e seu primeiro professor foi o palhaço. Desde os dois anos ela tinha fascinação por um lobo que vivia preso numa jaula e servia de chamariz para o público. Esse sentimento voltará a aparecer durante toda a narrativa sob a forma de recordações, comparações entre o comportamento do homem e do lobo e, principalmente, como referência para as reflexões da jovem a respeito do amor e de sua própria natureza.
O tema que estrutura a história é a liberdade. Durante o período do circo a menina habituou-se a morar por algum tempo nos trailers das outras famílias, o que acentuou seu caráter independente. Depois da morte do lobo ela passa a fugir do circo constantemente.
A personagem é inteligente, perspicaz, com uma personalidade solitária e forte. Suas observações são agudíssimas e é dotada de uma maneira bastante pessoal de encarar a vida.
Tudo isso e muito mais é narrado de maneira poética e nítida, com bonitas e longas descrições. Os capítulos se alternam entre passado e presente, são escritos em períodos longos num texto cheio de digressões, metáforas e reflexões sobre as relações interpessoais.
Este é um livro que deve agradar os jovens, mas é preciso que o leitor tenha maturidade e experiência de leitura para apreciá-lo em toda a sua profundidade.
BOBIN, Christian. Compasso de fuga. Trad. Mônica Cristina Corrêa. São Paulo: Duna Dueto, 2000.