Por Lucas Meirelles
O filósofo espanhol José Ortega y Gasset na obra “Missão do bibliotecário” (2006), nos lembra de uma virtude que é a hospitalidade. Diz que “[…] a melhor forma de hospitalidade me parece ser aquela em que, ao chegar o forasteiro à minha casa, eu a deixe e me torne um pouco estrangeiro” (2006, p. 1). Traçando um paralelo com o fazer bibliotecário dentro da escola e o desenvolvimento do acervo para a comunidade, temos a responsabilidade de nos posicionar e apresentar uma parte de novos livros que têm chegado no acervo de nossas bibliotecas. Explicitamos então a hospitalidade da biblioteca.
Para tanto, apresentamos novas aquisições e outros livros que já fazem parte do acervo. Trata-se de livros que trazem assuntos para as discussões sobre racismo, colonialismo, africanidades, escravidão, povos originários, livros com autorias negras, livros sobre pessoas negras, livros sobre pessoas indígenas, livros com personagens negras e tantas outras possibilidades.
O pensador Ailton Krenak, em seu livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, nos provoca com suas ideias as noções de civilidade, meio ambiente e proteção ambiental, cosmologias, etc. Uma questão trazida por ele, que não nos propomos a responder, mas nos juntamos na provocação, é “como justificar que somos uma humanidade se mais de 70% estão totalmente alienados do mínimo exercício de ser?” (2019, p. 14).
Conjuntamente, temos o professor, advogado e filósofo Silvio Almeida que também nos instiga a pensar e repensar – desta vez sobre o racismo, ideologias, política, etc – o conceito de raça e seus desdobramentos, na obra “Racismo estrutural”. Diz ele que “o racismo constitui todo um complexo imaginário social que a todo momento é reforçado pelos meios de comunicação, pela indústria cultural e pelo sistema educacional.” (2019, p. 65). Com essas novas aquisições, discussões dentro da sala de aula (e fora dela também) podemos ajudar a esboçar novos meios de ver e refletir o mundo.
Dentro dos nossos objetivos temos o papel, com a literatura, de estimular a criatividade, a imaginação e a fantasia, proporcionando independência no processo de escolha e o prazer na leitura literária, evitando visões estereotipadas e preconceituosas; e com a pesquisa, de proporcionar a capacidade de localizar a informação nos diversos suportes, selecioná-la, avaliá-la, interpretá-la e transformá-la num outro produto que seja significativo para o sujeito. Pretendemos formar, pois, a autonomia e crítica para produtoras e produtores de significado e conhecimento e não meramente o consumo de informação e cultura.
Nesse documento vamos, ao mesmo tempo, esclarecer e escurecer o acervo, abrir suas possibilidades, pensando sempre em múltiplas cosmologias, em juntar o antigo com o novo, o sacro e o profano, o desconhecido e o conhecido.
Equipe das bibliotecas