A odalisca e o elefante

Por Angela Müller de Toledo
Nada como uma bela história de amor para embalar as noites de junho, mês em que se comemora o dia dos namorados.

Grandes paixões sempre exerceram enorme fascínio entre os leitores, principalmente se são histórias trágicas. Não é o caso deste pequeno/grande livro cuja narrativa envolve um inusitado casal: uma odalisca e um elefante.

É claro que é uma história para leitores já libertados das leituras literais, palavra a palavra. A compreensão da história passa pelas metáforas, pelas frases que beiram o nonsense, e o sentido geral não se perde se o leitor perceber que se trata de uma história de amor que contém todas as outras. Há inúmeras referências aos grandes romances da literatura como o de Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, além de letras de músicas, poemas e títulos de grandes livros.

A autora franco-brasileira Pauline Alphen fala de amor de uma forma poética e coloquial ao mesmo tempo, consegue dar um novo sentido para esse sentimento tão poderoso.

Se você não é chegado a sutilezas, então nem arrisque.

ALPHEN, Pauline. A odalisca e o elefante. São Paulo: Cia das Letras, 2000.

Thapa Kunturi: ninho do Condor / O inventor de jogos

Por Angela Müller de Toledo

Todos sabem que antes da América ser colonizada, antes de Cristóvão Colombo aparecer por aqui, estas terras já eram habitadas. Assim como no Brasil existiam os índios antes da chegada de Cabral, no resto da América também havia povos organizados e vivendo segundo seus costumes e crenças.

O livro que recomendo para as férias traz justamente um conto muito bonito dos antigos povos da Cordilheira dos Andes, uma cadeia de montanhas imensa que atravessa vários países da América do Sul.

É a história de um menino índio que gostava de tocar flauta e andar pelas montanhas acompanhado de sua lhama de estimação. Certo dia, estava ele tranqüilamente admirando a linda paisagem, quando ouviu um barulho e se deparou com uma cena inesquecível: um gato montês perseguia um filhote de ave que, aos pulos entre as rochas, tentava escapar. Este foi o início de uma série de episódios emocionantes, tanto para o personagem quanto para o leitor.

Além do interessante relato, as ilustrações são um atrativo à parte: muito bonitas, expressivas, traduzindo com delicadeza as várias passagens do enredo. É uma obra que permanece muito tempo na imaginação do leitor.

O outro livro que recomendo para as férias é sem ilustrações, mas a história prende o leitor do começo ao fim. O personagem principal é um garoto chamado Ivan Dragó que é neto de um famoso inventor de jogos e quebra-cabeças. O menino gostava de jogos complicados e tinha mania de inventar charadas, deixando pistas para decifrá-las pela casa toda.

Logo aos sete anos Ivan participa de um concurso de uma fábrica de jogos mas a fábrica, além de ter um nome um tanto sinistro, não manda o resultado do concurso até Ivan completar doze anos. Só então este enigma começa a ser esclarecido.

Um livro pequeno, ideal pra colocar na mochila de viagem ou levar para a praia, mas que contem muitos episódios, alguns engraçados, outros tristes e vários bem misteriosos.

 

CÁRCAMO, Gonzalo. Thapa Kunturi: ninho do Condor. São Paulo: Cia das Letrinhas, 2007.

 

DE SANTIS, Pablo. O inventor de jogos. Trad. Rafael Mantovani. São Paulo: Girafinha, 2008.

 

Peter Pan escarlate

Por Angela Müller de Toledo

Se você conhece a história de Peter Pan, não pode deixar de ler esta continuação das aventuras do menino que se recusou a crescer.  A autora, Geraldine McCaughrean, ganhou um concurso de enredos que davam continuidade ao famoso livro.

“Peter Pan escarlate” acontece 20 anos depois que os irmãos Wendy, Miguel e João voltaram da primeira aventura na Terra do Nunca. Eles, assim como os meninos perdidos, já estão crescidos e têm suas próprias famílias e profissões, mas, de repente, começam a ter sonhos estranhos com Peter, as sereias, Capitão Gancho e outros habitantes da ilha do Nunca. Os sonhos são tão reais que quando eles acordam encontram na cama algum objeto que fazia parte do sonho: uma adaga, um chapéu de pirata, um rolo de corda, entre outros restos bizarros. Muito preocupados, “os senhores de respeito” resolvem voar novamente para junto de Peter e saber o que está acontecendo. Mas como um médico, um juiz e outros pais de família poderiam entrar da terra maravilhosa das crianças?

Estas novas aventuras envolvem muita magia e episódios maravilhosos como só é possível acontecer na Terra do Nunca.

Há alguns personagens novos como um elfo mentiroso e comilão e o tal do Sr. Novello, um dono de circo que acompanha Peter e os outros numa caça ao tesouro.

Quem não leu o clássico Peter Pan pode começar por ele, pois muito do que acontece ao escarlate é conseqüência direta do primeiro livro.

 

McCAUGHREAN, Geraldine. Peter Pan escarlate. Trad. Maria Luiza Newiands Silveira. Ilust. David Wyatt. São Paulo: Salamandra, 2006.

O senhor dos quebra-nozes

Por Angela Müller de Toledo
A história contada neste livro começa em 1914 na cidade de Londres e tem como protagonista um menino chamado Johnny, filho de um exímio fabricante de brinquedos.

O pai fizera para ele um exército de trinta soldadinhos talhados em madeira que eram o xodó do garoto.

Quando a primeira guerra mundial estourou, Johnny tinha dez anos e seu pai, James Briggs, alistou-se em meio à euforia patriótica e à crença de que o conflito seria rápido. Foi mandado ao front ocidental de onde enviava cartas detalhadas para o filho e brinquedos que manufaturava durante as longas noites de vigília nas trincheiras.

As primeiras cartas eram animadas mas, aos poucos, os horrores das batalhas vão se tornando evidentes, tanto pelo conteúdo delas quanto pelos brinquedos recebidos. Estes chegavam cada dia mais toscos, imperfeitos, levando a narrativa a um tom dramático.

Nesse meio tempo a mãe do menino resolve mandá-lo para o interior, pois permanecer em Londres tornara-se muito perigoso. No jardim da casa de tia Ivy, Johnny arma seu campo de batalhas para os soldadinhos que ganhara do pai.

Narrada em primeira pessoa, esta história alterna o relato da guerra real, através das cartas do soldado inglês, e o relato das batalhas que seu filho trava com os soldadinhos de brinquedo. A partir de certo momento, fantasia e realidade se misturam na cabeça do menino e o que o leitor vê é a guerra dos adultos invadindo o jogo das crianças.

Inesperadamente entra em cena um personagem importante para a história: um velho professor que se torna amigo do garoto e oferece a ele a “Ilíada” que logo Johnny começa a ler. Desse modo, estão postas em paralelo a guerra real, com seus dados históricos, a guerra travada no jardim por bonecos de madeira, e a guerra de Tróia descrita pela literatura.

Porém, a essas alturas, a perda e a morte já deixaram suas marcas no garoto, assim como a irracionalidade do mundo dos adultos. Johnny questiona-se sobre o papel de Deus em tudo isso e, gradativamente, vai perdendo a inocência e compreendendo a diferença entre suas brincadeiras e a guerra que atinge sua família e amigos. Seus sentimentos e sua interpretação dos fatos mudam completamente no decorrer da narrativa.

Não se trata de um livro ameno, mas é muito bonito. Traz o tema dos grandes conflitos bélicos para o campo pessoal, em que a verdadeira dimensão da guerra é percebida através de indivíduos comuns, adultos e crianças. No entanto, o maior mérito deste autor é ter conseguido fazer uma história ao mesmo tempo contundente e delicada, densa e sutil, triste, mas encantadora.

 

LAWRENCE, Iain. O senhor dos quebra-nozes. Trad. Heitor Pitombo. Rio de Janeiro, Rocco, 2003.

Cadê meu travesseiro?

Por Angela Müller de Toledo

Se você tem um travesseiro de estimação, ou um cobertor, ou algum outro tipo de “noni” sem o qual você não dorme de jeito nenhum, recomendo o livro Cadê o meu travesseiro? É uma história rimada interessante porque tem alguns versos que lembram cantigas populares e outras histórias que, com certeza, você já conhece.

 

MACHADO, Ana Maria. Cadê meu travesseiro? Ilust. Denise Fraifeld. São Paulo: Salamandra, 2004.

 

Estela e Marcos (Coleção)

Por Angela Müller de Toledo

   

Estela e Marcos são irmãos e se gostam muito.

Marcos é menor e muitas vezes pede a ajuda da irmã para se vestir ou chama por ela quando acorda no meio da noite.

Estela, por sua vez, gosta de ensinar o que sabe ao irmão menor e tem sempre paciência com ele, isto é, quase sempre. Às vezes, Marcos faz tantas perguntas e pede tantas coisas a Estela que ela suspira de cansaço.

São oito livros com estes simpáticos personagens que, tenho certeza, você vai gostar, principalmente se já sabe ler sozinho a letra bastão.

GAY, Marie-Louise. Estela, estrela do mar. Trad. Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque Book, 2000.

GAY, Marie-Louise. Bom dia, Marcos. Trad. Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque Book, 2003.

GAY, Marie-Louise. Estela, fada da floresta. Trad. Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque Book, 2006.

GAY, Marie-Louise. Boa noite, Marcos. Trad. Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque Book, 2007.

GAY, Marie-Louise. Estela, princesa do céu. Trad. Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque Book, 2007.

GAY, Marie-Louise. O que você está fazendo, Marcos? Trad. Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque Book, 2008.

GAY, Marie-Louise. Quando Estela era muito, muito pequena. Trad. Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque Book, 2010.

GAY, Marie-Louise. Estela, rainha da neve. Trad. Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque Book, 2012.

Histórias para brincar

Por Angela Müller de Toledo

O livro recomendado deste mês tem vinte histórias e cada uma delas pode terminar de três maneiras diferentes. Elas foram criadas para um programa de rádio na Itália e fizeram grande sucesso, já que são inventivas e engraçadas.

Dos três finais possíveis, sempre há um que o leitor prefere e escolhe como sendo o melhor. Por outro lado, nas últimas páginas do livro o autor conta qual é o desfecho que ele mais gosta e explica as razões de sua preferência. Você pode concordar ou não.

Não é sem razão que o livro se chama “Histórias para brincar”, pois além dos finais sugeridos é possível criar outros, ou brincar com os amigos de adivinhar qual foi o final escolhido por cada um.

Penso que no Brasil o livro vai agradar tanto quanto as histórias ouvidas pelos italianinhos pelo rádio.

 

RODARI, Gianni. Histórias para brincar. Ilust. Cide Piquet. Trad. Andrés Sandoval. São Paulo: 34, 2007.

RODAS DE CONTOS E DE BIOGRAFIAS

No mês de maio as bibliotecas José Mindlin e Tatiana Belinky receberam os alunos dos 8ºs e 9ºs anos para participarem de rodas de leitura. O tema escolhido para os 8ºs foi o conto, enquanto os alunos dos 9ºs anos discutiram a biografia.

Abaixo um pequeno vídeo com alguns momentos das rodas sobre o conto:

O circo da lua / O circo catástrofe

Por Angela Müller de Toledo

Todo mundo, um dia, já brincou de circo. É muito divertido.

Ler e ouvir histórias de circo também é muito bom. Por isso, os livros recomendados aqui contam histórias com este tema.

O primeiro é sobre um elefante voador que mora num circo e de sua amizade com a vovó Nina. Não vou contar tudo, só vou dizer que na história tem bolinho de chuva, elefantinho perdido, palhaços, e um tal de Lucas que não vou dizer quem é. 

No outro livro o leitor fica conhecendo uma menina muito bagunceira chamada Malu, ela tenta transformar seus bichos de estimação em artistas circenses. Imagine a confusão!

As ilustrações dos dois livros possuem estilos completamente diferentes, mas ambas são muito legais.

 

FURNARI, Eva. O circo da lua. São Paulo: Ática, 2003.

CHAUD, Benjamin. O circo catástrofe. Trad. Roseana Murray. Rio de Janeiro: Salamandra, 2001.

A Amizade abana o rabo

Por Angela Müller de Toledo

Uma gatinha que um dia aparece no quintal, um cachorro que nos segue na rua, isto não é uma história incomum na vida real.

A leitura que recomendo aqui é de uma história em quatro capítulos contada por Marina Colasanti e que é mais ou menos comum, contudo foi criada com tanta sensibilidade, de uma forma tão simples e bonita, como só os grandes escritores conseguem fazer.

 

COLASANTI, Marina. A amizade abana o rabo. São Paulo: Moderna, 2002.