por Laura Gil Costa
6ºE
Título: Cem anos de solidão
Autor: Gabriel García Márquez
Editora: Record
448 p.
A excepcional obra “Cem anos de solidão”, ganhadora do prêmio Nobel da Literatura em 1982, trata da intrigante história dos Buendía, uma família fictícia moradora de uma pequena vila denominada Macondo.
De maneira bela, detalhada e ambígua, o autor Gabriel García Márquez, nos deixa em uma corda bamba entre a imaginação e a realidade devido a estranheza explícita nos comportamentos humanos dos personagens.
A narrativa, que pode ser interpretada como um tanto real, já que a partir de tal vemos comportamentos e conflitos presentes em nosso mundo, como o desejo de conhecimento, a proteção da família, a vingança, conflitos políticos e amorosos e tantas outras coisas apresentadas nas sete gerações dos enigmáticos Buendía. Contudo, o autor utiliza-se de elementos completamente surreais e um tanto estranhos para narrar tais e outros acontecimentos.
Podemos perceber tudo isso a partir de dois personagens, que tem suas ações em ambos os opostos. O Coronel Aureliano Buendía, tem seu comportamento de realidade, desafiou a morte ao lutar em várias guerras, resistiu bravamente e se tornou uma lenda. Como observamos a seguir, seu comportamento está sim no nosso mundo, como o de pessoas da nossa atual sociedade. É possível observar isso no seguinte trecho, onde são relatas as suas experiencias: “(…) Escapou de catorze atentados, setenta e três emboscadas e de um pelotão de fuzilamento. Chegou a ser comandante geral das forças revolucionárias, com jurisdição e mando de uma fronteira a outra. Havia se tornado uma lenda, além de ser o homem mais temido pelo governo (…)”.
E por outro lado temos a personagem Remédios, a bela, que tem suas ações de total estranheza, como andar pelada pela casa, comer com as mãos, e tantas outras coisas, que embora não sendo fictícias, são estranhas e nos fazem acreditar no surrealismo do livro. Para ilustrar tal fato, o seguinte trecho a seguir nos faz justamente acreditar nisso, esse relatando a parte em que a bela jovem sai voando pela imensidão do céu: “(…) Acabou de falar e Fernanda sentiu um delicado vento de luz que arrancou os lençóis de suas mãos e os estendeu em toda sua amplitude. Amaranta sentiu um tremor misterioso e tratou de agarrar no lençol para não cair, no mesmo instante em que Remédios, a bela começava a se elevar. Úrsula deixou os lençóis à mercê da luz, vendo Remédios, a bela, que dizia adeus com a mão, entre o deslumbrante bater de asas dos lençóis que abandonavam o ar dos besouros e das dálias (…)”.
Tudo isso nos leva a dizer que essa perpétua dúvida entre imaginação e realidade aparece em todo o livro, e não só nas ações dos personagens citados. O que nos deixa extremamente curiosos, e apenas torna o livro mais e mais cativante, nos fazendo mergulhar de cabeça, sem querer parar um segundo de ler e refletir sobre a deslumbrante e magnífica obra.