Por Fernanda de Lima Passamai Perez
Considerado o mais importante escritor israelense da atualidade, Amós Oz descreve de maneira muito sensível, porém realista, a crise pela qual um casal maduro, Noa e Teo, passa depois de anos de convivência.
Apesar da aparente simplicidade do enredo, no decorrer do livro desvenda-se uma história de amor maduro e tocante. Através da estrutura narrativa utilizada por Oz, que dá voz individualmente a cada um dos protagonistas, conhecemos a visão que cada um deles têm da mesma situação, ilustrando o impacto das ações, das palavras ditas e não ditas no outro. Por trás do diálogo audível, real, existe um outro diálogo, interior, com o qual muitas vezes nos identificamos. Percebemos que apesar das dificuldades, o amor que sentem os impulsiona a “recuperar a vontade de um pelo outro”.
Morando na cidade de Tel Keidar, lugar isolado no meio do deserto, Noa, professora de literatura, vê na possibilidade da abertura de um centro de tratamento de usuários de droga, financiado pelo pai de um ex-aluno morto por overdose, uma realização pessoal. Contudo, tem de enfrentar a resistência e o preconceito dos moradores. Teo, renomado funcionário da Secretaria de Planejamento, apesar de não pactuar com a proposta do Centro, tenta ajudar Noa, pois sente que o desafio lhe deu um novo estímulo.
Todos estes elementos fazem de Não diga Noite uma agradável e imperdível experiência.
OZ, Amós. Não diga noite. Trad. de Georges Schlesinger. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.