EU LI SOZINHO!

– Eu recomendo para todo mundo: para quem gosta de aventura, comédia, um pouco de suspense e terror. A vida do Draculinha Brasileiro é bem acidentada!
– Quem leu pra você?
– Eu li sozinho, acha!? Eu tenho 9!

Bernardo, 9 anos.

Título: A vida acidentada de um vampirinho e outras aventuras de Draculinha

Autor: Carlos Queiroz Telles.

Editora: FTD

179 p.

 

CONTOS DE FADAS PARA CONSEGUIR DORMIR

Vinte e quatro horas depois de retirar um livro que possui 284 páginas, Raquel, devolve muito naturalmente o livro emprestado. Curiosa, a mediadora perguntou:
– Você leu o livro todo?
– Sim. Eu passei a noite inteira lendo porque não estava conseguindo dormir. Estava pensando num pesadelo que eu tive. Então pensei: se eu ler contos de fadas vou conseguir dormir melhor.
– Qual foi a história que mais gostou?
– Cinderela e o sapatinho de vidro.

Raquel, 3º ano

Título: Contos de fadas de Perrault, Grimm, Andersen e outros

Editora: Zahar

284 p

 

QUE O AUTOR NÃO CONTE TUDO DE UMA VEZ

Isabel entra na biblioteca e pede que a bibliotecária faça com ela a mesma ‘pesquisa’ que fez com sua colega para então lhe sugerir um livro.

– Que tipo de livro você gosta?
Bel, para os íntimos, deseja um livro legal, que tenha aventura, que pode ter animais, de ação, com suspense – mas não muito-, sem piada sem graça e sem terror – ela não gosta. Ah, e que o autor não conte tudo de uma vez…
Respostas registradas e informações cruzadas, as duas seguem para a estante e o primeiro título é apresentado à decidida leitora: Um leão em família. Ela olha meio desconfiada. No entanto pouco a pouco verifica que os títulos dos capítulos indicam que narrativa apresenta todos dos elementos que ela indicou na ‘pesquisa’. Porém, antes de se decidir Bel ainda dá uma olhada em Lili, a bruxa, mas desiste assim que descobre que o livro que tem em mãos é mais desafiante, segundo a bibliotecária. 

Livro e leitora deixam a biblioteca juntos e felizes. Será que a pesquisa funciona mesmo? 

Isabel, 10 anos

Título: Um leão em família

Autor: Luiz Puntel

Editora : Àtica

128 p.

NÃO SEI SE ESSA HISTÓRIA É DE AZAR OU DE SORTE

Alunos do G1

Antes de se entregar à exploração da caixa de gibis e demais livros, o G1 acompanhou a leitura de O guardião da bola. O narrador, Zinho, começa e termina a história com o comentário: “Não sei se essa história é de AZAR ou de SORTE”. Finda a leitura, vem a pergunta:

– Quanto a vocês, quem já teve SORTE ou AZAR?
Uma pequena e delicada mão levanta antes das muitas outras e dispara contando que já teve sorte:
– Eu tinha uma boneca que perdeu as duas pernas e minha babá encontrou uma delas e consertou.
Por um instante, parou, pensou e concluiu:
– Eu tive os dois. Sorte e azar! ”

Título: O Guardião da Bola

Autor: Lúcia Hiratsuka

Editora: Moderna

39 p.

 

PORQUE TEM COISAS DIFERENTES E ÀS VEZES ENGRAÇADAS

Eu gosto!!! Porque tem coisas diferentes e  às vezes engraçadas. Às vezes, eu não entendo porque tem palavras que eu ainda não aprendi o significado, mas eu descubro. O primeiro livro que eu li da coleção foi O fabuloso elixir do corajoso. 

Renato, 7 anos

 

 

Título: Tomás, um leva e traz (Col. Casa Amarela)

Autor: Lilian Sypriano e Cláudio Martins

Editora: Formato

33 p.

 

AMPLIANDO AS POSSIBILIDADES ÉTNICAS NOS CONTOS DE FADAS

Por Paula Lisboa

Já falamos um pouco aqui sobre a importância dos contos de fadas na formação leitora das nossas crianças. Como parte do universo dos contos de tradição popular, os contos de fadas estão presentes em todas as culturas, com variações a depender de seu país e cultura de origem.

Façamos aqui outra reflexão: para além das narrativas em si, quais são as referências étnicas e culturais trazidas pelo mundo encantado das histórias mais difundidas entre nós, cujos autores e compiladores são de origem européia? Basta uma rápida pesquisa no google para constatar:

Cinderela: sempre loira de olhos azuis / Rapunzel: loira de olhos verdes, às vezes com cabelo castanho claro / Cachinhos Dourados: loira de olhos azuis / Joãozinho e Maria: cabelos castanhos por vezes loiros, mas sempre de pele branca

Não é difícil imaginar que a representação de um universo exclusivamente branco possa afetar diretamente a autoestima das crianças não brancas, assim como limitar a formação de referências étnicas de todas as crianças. Isso se torna ainda mais preocupante em um país como o nosso, onde mais da metade da população é de pretos ou pardos (54% em 2015, segundo dados do IBGE).

Foi com esta preocupação que Ronaldo Simões Coelho e Cristina Agostinho criaram magistralmente estes recontos incríveis, ambientados nas diversas regiões do Brasil. Para completar, Walter Lara ilustrou de maneira belíssima as princesas, príncipes, bruxas, monstros e animais, partindo do nosso imaginário cultural.

Vale a pena conhecer e ler para as crianças toda a coleção, já preparados para os questionamentos que é bem provável que possam aparecer. É importante estarmos abertos para a reflexão, e se ficar sem respostas podemos também expor nossas dúvidas. Afinal de contas, há quanto tempo vemos as princesas sempre brancas e loiras, não é mesmo?

AGOSTINHO, Cristina; COELHO, Ronaldo Simões. Afra e os três lobos-guarás. Belo Horizonte: Mazza, 2013.

AGOSTINHO, Cristina; COELHO, Ronaldo Simões. Joãozinho e Maria. Belo Horizonte: Mazza, 2013.

AGOSTINHO, Cristina; COELHO, Ronaldo Simões. Rapunzel e o Quibungo. Belo Horizonte: Mazza, 2012.

AGOSTINHO, Cristina; COELHO, Ronaldo Simões. Cinderela e Chico Rei. Belo Horizonte: Mazza, 2015.

DIÁRIO DE BLUMKA

por Lucas Meirelles

“Literalmente, acabou de chegar!” 🙂

“Diário de Blumka”, lançamento da autora Iwona Chmielewska, traz uma adaptação do diário da menina Blumka que, junto de outras 200 crianças viveu sob os cuidados de Janusz Korczak (1878-1942). As ilustrações são de uma delicadeza e uma sofisticação muito grandes. Tantos detalhes e tanta simplicidade. A poesia perpassa as palavras e as imagens.

Korczak, dentre outras tantas profissões/ vocações, foi pedagogo e teórico de educação e dirigiu um orfanato (descrito no livro). Lá as crianças tinham tamanha autonomia que um tribunal onde as decisões eram tomadas pelas próprias crianças foi criado. Pela leitura do texto a paixão pela educação e, principalmente, pelas crianças vai aumentando.

CHMIELEWSKA, Iwona. Diário de Blumka. São Paulo: Pulo do Gato, 2017. 70 p. ISBN 9788564974807

DRUFS E O LIVRO DA FAMÍLIA

Por Paula Lisboa

Os 3ºs anos do Ensino Fundamental realizam um elaborado projeto chamado “Livro da Família”.

O projeto tem uma série de etapas que envolvem tanto conteúdos de Ciências Sociais – Memória e História: quem somos nós? – quanto de Práticas de Linguagem – produção de história de infância e a produção final de um livro individual contando a sua própria história.

Falar em família é também pensar em diversidade. Afinal, o leque de opções para a formação familiar é amplo e envolve aceitar diferenças relativas a diversos aspectos: número de pessoas, pais separados ou juntos, casados de novo ou solteiros, crianças que perderam um dos pais, que moram com avós, que são adotivas, que são filhos de relações homoafetivas, pais ou mães que viajam muito ou moram fora, pais ou mães que criam seus filhos sozinhos…

Para contribuir com a reflexão, convidamos os alunos para vir à biblioteca ouvir a leitura de uma história da brilhante autora e ilustradora Eva Furnari. Em DRUFS, seu último livro lançado em 2016, Eva apresenta “certas coisinhas interessantes (ou desinteressantes) que os alunos da professora Rubi escreveram sobre suas próprias famílias” – mais ou menos o que nossas crianças estão fazendo.

Durante a leitura os alunos se mantiveram bastante envolvidos e levantaram questões importantes de serem ouvidas, acolhidas e esclarecidas.

– Ah, já sei, ela deve ser filha adotiva!

– Ah essa família é igual na minha casa: cada um tem um pai, mas todos têm a mesma mãe.

– Coitado, o pai dele morreu…

– Eles são muito engraçados!!

– Mas ela tem dois pais mesmo ou um deles é o padrasto?

– Eu também, sou a única diferente da minha família, todo mundo é parecido, só eu que não!

– Eu percebi que cada família é diferente e também que cada um tem o seu jeito de apresentar a sua família…

E eu, mais uma vez, percebi que as histórias são um poderoso meio para provocar reflexão, se colocar no lugar do outro e trazer questões pessoais à tona. =)

FURNARI, Eva. Drufs. São Paulo: Moderna, 2016.

“PODE PEGAR!”, DE JANAÍNA TOKITAKA

por Paula Lisboa

Sabemos que as histórias e os livros infantis têm grande potencial formativo, ajudando na construção da identidade da criança, criando suas primeiras referências de heróis e heroínas. Considerando isso, não podemos ignorar a necessidade de oferecer contos onde não só os meninos mas também as meninas cumpram papel principal, indo além do lugar associado à fragilidade e dependência.

Em seu novo livro “Pode Pegar”, Janaína Tokitaka – autora e ilustradora formada aqui na Escola da Vila – apresenta a história de dois coelhinhos que trocam livremente de roupas e acessórios, sem se importar se isso é “de menino” ou “de menina”. No começo da história eles estão claramente caracterizados como “menino” e “menina”, mas depois do troca-troca já não sabemos mais quem é quem. Afinal o que importa é a liberdade de brincar, experimentar e se divertir! E assim, de maneira sutil e delicada, a autora desconstrói os estereótipos de gênero e deixa no ar a pergunta: o que faz uma roupa ser de menino ou de menina?

Leia mais sobre a discussão proposta pelo livro aqui e aqui!


Janaina: ‘Escrevi o livro com a esperança de que as crianças de hoje se tornem adultos livres, leves e felizes’

TOKITAKA, Janaina. Pode pegar! São Paulo: Boitatá, 2017.

CONTOS TRADICIONAIS, CONTOS POPULARES, CONTOS DE FADAS

por Paula Lisboa

É impossível pensarmos na formação leitora e na experiência com as histórias sem falar dos contos tradicionais. Aqui na escola desde muito cedo nossas crianças ouvem narrativas dos irmãos Grimm, depois Perrault, caminham para os brasileiros, com recontos de Ana Maria Machado, Ricardo Azevedo, diversas versões do Pedro Malasartes… Depois estudam um pouco mais os contos de Andersen, autorais porém carregados de elementos da narrativa tradicional. Leem mitos gregos, contos africanos, russos, chineses… Nunca pára, mesmo que estejamos sempre ampliando o leque com a apresentação de diversos autores contemporâneos e contos modernos, os contos tradicionais se mantém sempre presente.

Este ano fui convidada a registrar em áudio a leitura do conto A inteligente filha do camponês, compilado pelos irmãos Grimm, que serviu de ponto de partida para as crianças dos 4ºs anos das três unidades (Morumbi, Butantã e Granja Viana) escreverem um novo episódio para a história. Cada nova história criada em duplas pelos alunos, foi ilustrada e lida em voz alta, para finalmente chegar à produção final do Projeto Curtas: pequenos vídeos contendo as narrativas contadas e ilustradas por eles!

E assim, vejam que lindo o caminho das histórias: um conto originalmente de tradição oral alemã, passou para o livro a partir da compilação dos Grimm; foi traduzido para o português pela Heloisa Jahn e serviu de base para a criação de novas histórias; essas histórias saíram do texto escrito e voltaram para a oralidade, resultando em uma produção áudio-visual!

Aqui vocês podem ouvir o conto lido por mim. A Inteligente Filha Do Camponês

GRIMM, Jacob; GRIMM, Wilhelm. Contos de Grimm. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2004. 91 p.