Filha de feiticeira

Por Angela Müller de Toledo

História em forma de diário de uma adolescente chamada Mary que viveu na Inglaterra do séc. XVII.

A garota morava com a avó à beira de uma floresta quando a anciã foi presa e enforcada por praticar bruxaria.

Para tentar escapar do mesmo destino, Mary embarca para a América na esperança de poder viver numa sociedade mais tolerante. Porém, não é isto o que acontece, pois nada será fácil para ela, a começar pela exaustiva viagem de navio.

Trata-se de uma narrativa ágil, na qual não faltam intrigas, mistério e uma boa dose de aventura. A protagonista é uma menina inteligente, perseverante, fiel à sua própria natureza e valores. Mary faz seu caminho na vida apesar de todas as dificuldades. O leitor ficará surpreso ao perceber quantas das questões dela são comuns aos jovens de hoje.

O texto é profundo e bonito. Mary é uma feiticeira, mas sua história é bem diferente da do bruxinho Harry Potter. É para aqueles que têm maturidade suficiente para entender o quanto pode ser difícil ser diferente numa sociedade preconceituosa.

REES, Célia. Filha de feiticeira. Trad. Manoel PauloFerreira.São Paulo:Cia dasLetras, 2002.

 

Um cachorro para Maya

Por Angela Müller de Toledo

Se você gosta de histórias que envolvem animais de estimação leia  este livro que tem como protagonista a menina Maya, que deseja muito ter um cachorro.

Ela sabe o trabalho que dá, sabe também que um filhotinho depende completamente de seu dono para sobreviver, mas está disposta a encarar a responsabilidade.

No entanto, seus pais relutaram bastante em atender o pedido da menina mas, finalmente, ela conseguiu.

Conseguiu?

 

MURRAY, Roseana. Um cachorro para Maya. Ilust. Lúcia Brandão. 2ºed. São Paulo: Salamandra, 2003.

Como viver para sempre

Por Angela Müller de Toledo

Se você já conhece o lindo livro ilustrado Como viver para sempre, de Colin Thompson, fique sabendo que há outro com o mesmo título, em formato menor, sem ilustrações, e que conta a mesma história, só que de uma forma mais completa, com mais texto e muito mais cheia de aventuras.

Pedro é um menino de dez anos que mora no último andar de um ENORME museu em que seu avô é zelador. Desde pequeno Pedro gostava de andar pelos intermináveis corredores, salas e depósitos do museu, descobrindo objetos antigos e passagens secretas. Fazia essas excursões à noite, depois que os visitantes tinham ido embora e que as 97 chaves das salas de exposições tinham sido entregues ao seu avô.

Dentro do museu havia também uma biblioteca imensa, com inúmeras galerias e centenas de estantes abarrotadas de livros. Durante o dia era tudo bem movimentado, normal, com os pesquisadores e bibliotecários andando de cá para lá, mas quando o museu fechava… a biblioteca tornava-se uma enorme cidade, as galerias transformavam-se em ruas e os livros em casas habitadas por pessoas incríveis ou monstros perigosos.

Bem, isto é realmente um “tiquinho de nada” da história. Ela envolve ainda um misterioso livro que contém o segredo da vida eterna, um pai desaparecido, um gato muito esperto, uma grande amiga, várias fugas desesperadas e uma Criança Anciã.

Recomendo as duas versões para as férias, você não vai se arrepender.

 

THOMPSON, Colin. Como viver para sempre. Trad. Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque-Book, 1997.

THOMPSON, Colin. Como viver para sempre. Trad. Ibraíma Dafonte Tavares. São Paulo: Brinque-Book, 2006.

A fenda do tempo / Contos da montanha

Sugestões de leitura da bibliotecária ninja para as férias (referência para os que leram o livro Pânico na biblioteca)

Para os que apreciam ficção científica, aventura e humor: A fenda do tempo.

É a história das viagens no tempo do cientista Bildamaster Zarp, mais conhecido como Bilda, e das confusões causadas por uma ilustre visitante do passado.

 

 

Para quem gosta de narrativas tradicionais, mitos, lendas e contos de fadas, as três histórias de origem japonesa que estão no livro
Contos
da montanha vão encantar. Não faltam nelas os monstros, bruxas e objetos mágicos característicos desse tipo de narrativa além, é claro, de um bravo Samurai.

 

HIRATSUKA, Lúcia. Contos da Montanha. São Paulo: SM, 2005

JACOB, Dionísio. A fenda do tempo. Ilust. Fernando Vilela. São Paulo: SM, 2005

Compasso de fuga

Por Angela Müller de Toledo
Esta história é narrada em primeira pessoa por uma jovem que conta sua vida desde criança, época em que morava num circo. Seu pai trabalhava como “faz-tudo”, sua mãe era bilheteira e seu primeiro professor foi o palhaço. Desde os dois anos ela tinha fascinação por um lobo que vivia preso numa jaula e servia de chamariz para o público. Esse sentimento voltará a aparecer durante toda a narrativa sob a forma de recordações, comparações entre o comportamento do homem e do lobo e, principalmente, como referência para as reflexões da jovem a respeito do amor e de sua própria natureza.

O tema que estrutura a história é a liberdade. Durante o período do circo a menina habituou-se a morar por algum tempo nos trailers das outras famílias, o que acentuou seu caráter independente. Depois da morte do lobo ela passa a fugir do circo constantemente.

A personagem é inteligente, perspicaz, com uma personalidade solitária e forte. Suas observações são agudíssimas e é dotada de uma maneira bastante pessoal de encarar a vida.

Tudo isso e muito mais é narrado de maneira poética e nítida, com bonitas e longas descrições. Os capítulos se alternam entre passado e presente, são escritos em períodos longos num texto cheio de digressões, metáforas e reflexões sobre as relações interpessoais.

Este é um livro que deve agradar os jovens, mas é preciso que o leitor tenha maturidade e experiência de leitura para apreciá-lo em toda a sua profundidade.

BOBIN, Christian. Compasso de fuga. Trad. Mônica Cristina Corrêa. São Paulo: Duna Dueto, 2000.

Coração de tinta

Por Andrea Luize
A história contada no filme ganha outra vida – mais rica e fascinante – nas páginas do livro! Narrada em terceira pessoa, mas pelo ponto de vista da menina Meggie, de 12 anos, entramos no mundo absolutamente mágico dos livros, tão mágico que leva algumas pessoas, como seu pai, a ter o dom de tirar coisas e pessoas das histórias que lê em voz alta e lhes trazer para o mundo real.

A autora utiliza metáforas e comparações, não transpostas para a tela do cinema, estabelendo relações lindas e intensas com outras obras da literatura.

Ler este livro para os filhos, a partir de 9, 10 anos, é um duplo presente: pela inigualável experiência de dividir o prazer da literatura com quem se ama e pelo encanto que esta história oferece.

FUNKE, Cornélia. Coração de tinta. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

A pequena marionete

Por Angela Müller de Toledo
Você já viu um teatro de bonecos? Há alguns grupos especializados nesse tipo de apresentação que, em geral, contam histórias muito divertidas.

No livro que recomendo aqui, o personagem é um menino que assiste a uma peça encenada por marionetes (bonecos manipulados por barbantes), mas não gosta nem um pouco do que vê. Por que será?

O livro não tem texto escrito e por isso você vai precisar seguir a história olhando bem para os desenhos. Também não é colorido, como costumam ser os livros feitos para crianças. No entanto, tenho certeza que você vai gostar muito dele porque a história é emocionante, cheia de suspense.

As ilustrações são simples e lindas, muita coisa você vai ficar sabendo da história só de reparar no rosto ou no jeito do corpo dos personagens, no modo como eles são desenhados, nos detalhes. Os desenhos expressam muito bem os sentimentos deles.

Enfim, se você ainda não conhece este livro, passe na biblioteca e faça seu empréstimo, se já conhece, sugiro que leia de novo pensando nestas coisas que escrevi. Também é legal recomendá-lo aos amigos de qualquer idade, pois livro bom agrada a todos.

VINCENT, Grabrielle. A pequena marionete. São Paulo: Ed. 34, 2007.

Por um simples pedaço de cerâmica

Por Angela Müller de Toledo
Uma das melhores sensações que a literatura pode nos proporcionar é a de nos envolver em épocas ou lugares totalmente diferentes dos habituais, daqueles que conhecemos.  Histórias ambientadas em países distantes, tempos remotos ou mesmo no futuro para mim são as melhores.

Este livro que recomendo tem como cenário a Coreia do século XII. Orelha-de-pau é um menino órfão, morador de rua em uma aldeia famosa pela beleza de suas cerâmicas. O menino torna-se empregado de um velho ceramista ranzinza na esperança de se tornar aprendiz, mas muita coisa vai acontecer antes que seu desejo se realize.

Os diferentes costumes, valores e relações entre pessoas são muito interessantes. Orelha-de-pau é um rapaz persistente, sabe o que quer e está disposto a batalhar pelo seu sonho.

PARK, Linda Sue. Por um simples pedaço de cerâmica. Trad. Eneida Vieira Santos. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.

A odalisca e o elefante

Por Angela Müller de Toledo
Nada como uma bela história de amor para embalar as noites de junho, mês em que se comemora o dia dos namorados.

Grandes paixões sempre exerceram enorme fascínio entre os leitores, principalmente se são histórias trágicas. Não é o caso deste pequeno/grande livro cuja narrativa envolve um inusitado casal: uma odalisca e um elefante.

É claro que é uma história para leitores já libertados das leituras literais, palavra a palavra. A compreensão da história passa pelas metáforas, pelas frases que beiram o nonsense, e o sentido geral não se perde se o leitor perceber que se trata de uma história de amor que contém todas as outras. Há inúmeras referências aos grandes romances da literatura como o de Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, além de letras de músicas, poemas e títulos de grandes livros.

A autora franco-brasileira Pauline Alphen fala de amor de uma forma poética e coloquial ao mesmo tempo, consegue dar um novo sentido para esse sentimento tão poderoso.

Se você não é chegado a sutilezas, então nem arrisque.

ALPHEN, Pauline. A odalisca e o elefante. São Paulo: Cia das Letras, 2000.

Thapa Kunturi: ninho do Condor / O inventor de jogos

Por Angela Müller de Toledo

Todos sabem que antes da América ser colonizada, antes de Cristóvão Colombo aparecer por aqui, estas terras já eram habitadas. Assim como no Brasil existiam os índios antes da chegada de Cabral, no resto da América também havia povos organizados e vivendo segundo seus costumes e crenças.

O livro que recomendo para as férias traz justamente um conto muito bonito dos antigos povos da Cordilheira dos Andes, uma cadeia de montanhas imensa que atravessa vários países da América do Sul.

É a história de um menino índio que gostava de tocar flauta e andar pelas montanhas acompanhado de sua lhama de estimação. Certo dia, estava ele tranqüilamente admirando a linda paisagem, quando ouviu um barulho e se deparou com uma cena inesquecível: um gato montês perseguia um filhote de ave que, aos pulos entre as rochas, tentava escapar. Este foi o início de uma série de episódios emocionantes, tanto para o personagem quanto para o leitor.

Além do interessante relato, as ilustrações são um atrativo à parte: muito bonitas, expressivas, traduzindo com delicadeza as várias passagens do enredo. É uma obra que permanece muito tempo na imaginação do leitor.

O outro livro que recomendo para as férias é sem ilustrações, mas a história prende o leitor do começo ao fim. O personagem principal é um garoto chamado Ivan Dragó que é neto de um famoso inventor de jogos e quebra-cabeças. O menino gostava de jogos complicados e tinha mania de inventar charadas, deixando pistas para decifrá-las pela casa toda.

Logo aos sete anos Ivan participa de um concurso de uma fábrica de jogos mas a fábrica, além de ter um nome um tanto sinistro, não manda o resultado do concurso até Ivan completar doze anos. Só então este enigma começa a ser esclarecido.

Um livro pequeno, ideal pra colocar na mochila de viagem ou levar para a praia, mas que contem muitos episódios, alguns engraçados, outros tristes e vários bem misteriosos.

 

CÁRCAMO, Gonzalo. Thapa Kunturi: ninho do Condor. São Paulo: Cia das Letrinhas, 2007.

 

DE SANTIS, Pablo. O inventor de jogos. Trad. Rafael Mantovani. São Paulo: Girafinha, 2008.