Guerra Mundial Z

Por Antonio Marcos Panontin

A humanidade quase acabou após a epidemia de zumbis que se espalhou pelo globo. Se ficarmos apenas nessa descrição, a trama de Guerra Mundial Z seria igual à de qualquer história com zumbis. Mas as semelhanças acabam por aí e o autor Max Brooks entrega uma história ao mesmo tempo divertida, humana e inteligente.

Após o fim da guerra, um órgão da ONU decide compilar depoimentos de todo o mundo para compor uma crônica do conflito. O narrador do livro é o encarregado de viajar pelo planeta coletando as histórias. Da identificação do paciente zero, contaminado nas ruínas de uma aldeia perdida na China, até o astronauta em turno na Estação Espacial Internacional, que tem a missão de manter os satélites funcionando a qualquer custo, nada escapa ao relato do autor. Personagens distintas como a de uma adestradora de cães, um cineasta de Hollywood e um clérigo russo explicam os motivos por trás de eventos como a transformação de Cuba (o único país no mundo a escapar incólume da crise de mortos-vivos) na maior potência capitalista do pós-guerra, ou o sucesso da quarentena nacional autoinfligida por Israel.

É impressionante a capacidade inventiva de Brooks. Seus personagens são humanos, os desdobramentos sociais, políticos e psicológicos da epidemia são de uma lógica tão fundada que tornam os eventos não apenas verossímeis, mas inevitáveis no mundo da narrativa. Merece destaque também a sua prosa camaleônica, capaz de convencer nos mais variados papéis que assume.

A série de HQ’s (bem como sua adaptação para a televisão) Walking Dead também tem a intenção de, a partir de uma história de zumbis, falar daquilo que nos faz humanos. Nesse sentido, a HQ alcança um resultado pálido quando comparado com o vigor criativo de Guerra mundial Z.

Os direitos do livro foram adquiridos para o cinema e, se o filme fizer jus ao material original, será uma obra imperdível.

BROOKS, Max. Guerra Mundial Z. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.

O ataque da segunda série

Por Angela Müller de Toledo

Horace é um garoto de dez anos que se transforma em super-herói ao comer os bolinhos feitos por sua irmã chamada Melodia.

Quando come um bolinho, Horace passa por uma fase preliminar imprevisível antes de poder usar os superpoderes do “Paladino dos Bolinhos“. Esta espécie de reação, ou efeito colateral do bolinho, é sempre surpreendente e faz o menino passar a maior vergonha! Depois que o estranho efeito vai embora, ele veste uma fantasia de lycra lilás com capa e capuz, e vai salvar as pessoas.

Outro problema para o Paladino dos Bolinhos é que nunca se sabe que tipo de poderes ele terá. Ora é capaz de voar, ora pode soltar fogo pela boca, às vezes consegue escavar a terra velozmente com as mãos, enfim, o efeito dos bolinhos é sempre uma surpresa.

Além de Melodia, só os gêmeos Xax e Auggie conhecem a verdadeira identidade do Paladino dos Bolinhos e é essa turminha que vai viver grandes aventuras.

Você vai rir muito com este super-herói, ou será anti-herói?

DAVID, Lawrence. O ataque da segunda série. Ilust. Barry Gott. São Paulo: Arxjovem, 2004.

Kim

Por Angela Müller de Toledo
Outra pedida para as férias é ler ou reler um clássico. O que recomendo é Kim um romance de aventuras de 1901.

Nele Kipling nos conta a história de um garoto chamado Kimball O’Hara que vive nas ruas da cidade de Lahore na Índia. Kim é órfão de um militar do regimento irlandês e por isso é considerado europeu, embora tenha a pele morena como a dos nativos. Muito esperto, é conhecido como o “amigo de todo o mundo”. Um dia, encontra um velho Lama tibetano que saiu do monastério em busca de um rio sagrado que, acredita, o libertará da Roda da Vida, ou seja, das sucessivas reencarnações. Kim mendiga para alimentar o velho, consegue um local para que ele descanse e aceita acompanhá-lo em peregrinação pelo interior do país.

Quando um negociante de cavalos contrata o menino para levar um bilhete a um determinado militar inglês na cidade de Umballa, começa a viagem que mudará a vida de Kim pois, a partir daí, ele será preparado para tornar-se um agente do serviço secreto britânico.

Kim é considerado um romance exemplar do imperialismo, o que melhor retrata o ápice do domínio colonial inglês na Índia.  Em vários momentos a idéia de superioridade racial aparece, em geral na caracterização dos personagens nativos como mentirosos, fingidos ou através da depreciação de algumas de suas crenças. É um retrato da arrogância do homem ocidental. Mas é também uma leitura apaixonante. Kipling, nascido em Bombaim, sabia do interesse dos ocidentais por países desconhecidos e retratados como exóticos. Explorou como ninguém os cenários e a cultura da Índia nesta história. É preciso, no entanto, contextualizá-la dentro da época em que foi escrita.

Não é uma obra de fácil leitura, pois há uma quantidade enorme de palavras estrangeiras, muitos nomes próprios e referências à religião e filosofia que, para o leitor inexperiente, pode ser um entrave. Mas, por outro lado, quem enfrentar suas 248 páginas viverá uma experiência que não se daria de outra maneira a não ser pela literatura.

A edição recomendada tem o mérito de ter sido traduzida por Monteiro Lobato e não possui ilustrações.

 

KIPLING, Rudyard. Kim. Trad. Monteiro Lobato. São Paulo: Cia Editora Nacional, 2002.

Os fantasmas no porão

Por Angela Müller de Toledo

    

É tempo de férias e de diversão! Mas antes de tudo quero saber: quem tem medo de fantasmas?

Parece que Henri, Lúcia, Jorge e Eduardo, quatro amigos personagens das histórias recomendadas para estas férias têm muito. O mais engraçado é que eles são brancos como lençol, moram num castelo enorme e logo dá pra perceber que eles são… FANTASMAS!!

Pois é, quando os quatro amigos são obrigados a irem até o porão para investigar um barulho que estão ouvindo, quase morrem de susto. A verdade é que eles são fantasmas bem medrosos. Mas olha só que engraçado, eles só não têm medo do monstro do lago Ness, tanto que viajam até a Escócia só para conhecê-lo.

 

DUQUENNOY, Jacques. Os fantasmas no porão. Trad. Maria Angela Villela. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.

 

___________________ O jantar fantasma. Trad. Maria Angela Villela. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.

 

___________________ Os fantasmas no lago Ness. Trad. Maria Angela Villela. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.

 

Livros para as férias

Por Angela Müller de Toledo

      

Livro com fôlego de férias: A menina que roubava livros. Markus Zusak. Tradução de Vera Ribeiro. Ed. Intrínseca, 2007.

Livro com fôlego de férias mas que depois fica na cabeceira: Livro do desassossego. Fernando Pessoa. Organização de Richard Zenith. 2ª ed. Companhia das Letras, 2002.

Livro para reler na praia: Neuromancer. William Gibson. Tradução de Alex Antunes. 3ªed. 2006.

Livro para ler embaixo da árvore com os filhos, os netos, o namorado (a), a mãe, o marido, a mulher, o vizinho, a prima da empregada, os filhos do sobrinho… Como é que chama o nome disso: antologia. Arnaldo Antunes. PubliFolha, 2006.

Poesia de Roseana Murray

Por Angela Müller de Toledo

   

Desde a década de 80 Roseana Murray vem encantando crianças, jovens e adultos com sua poesia. Neste ano de Festival de Poesia na Escola da Vila, vale a pena ler e reler alguns dos livros que a consagraram.

“A poesia de Roseana Murray é feita de delicadezas e transparências, como ela falasse para mostrar o silêncio. E assim a linguagem alcança a condição de pluma ou porcelana.” Ferreira Gullar.

MURRAY, R. Classificados poéticos. Ilust. Paula Saldanha. Belo Horizonte: Miguilim, 1984.

—————— Desertos. Ilust. Roger Mello. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006.

—————— Fruta no ponto. Ilust. Sara Ávila. São Paulo: FTD, 1986.

—————— Manual da delicadeza de A a Z. Ilust. Elvira Vigna. São Paulo: FTD, 2001.

—————— Poesia essencial. Rio de Janeiro: Manati, 2002.

—————— Receitas de olhar. Ilust. Elvira Vigna. São Paulo: FTD, 1998.

—————— Rios da alegria. São Paulo: Moderna, 2005.

O garoto no convés

Por Andrea Luize
O mesmo autor de O menino do pijama listrado retrata neste novo livro a mudança total da vida do jovem John Jacob Turnstile. Partindo de um fato real, o motim ocorrido no navio HMS Bounty em 1789, o autor insere o garoto John nessa aventura. Depois de passar sua infância num orfanato, sofrendo abusos e sendo obrigado a roubar, o garoto de 14 anos tem sua sorte mudada, ao ser preso furtando um relógio. O Sr. Zelá, a própria vítima do roubo, o salva de uma prisão cruel, colocando-o para trabalhar num navio, de partida para o Taiti. Lá, John trabalha como ajudante do capitão, o qual passa a admirar progressivamente, embora não aprecie a vida no mar. E é a lealdade ao capitão que o levará a não se juntar aos amotinados e a passar 48 dias vagando pelo mar num pequeno bote. É essa mesma lealdade, e as experiências pelas quais passa, que farão com que ele se torne um homem e decida mudar para sempre seu próprio destino.

BOYNE, Jonh. O garoto no convés. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

A Menina do fio

Por Andrea Cristina Alves

“A menina do Fio” é um lindo livro que conta a história de uma princesa que tem um fio diferente na cabeça, ele cresce infinitamente enroscando em todos os lugares por onde ela passa. Seus pais, o rei e a rainha, tentaram de tudo para resolver o problema, mas nada conseguiram. A princesa cresceu e tornou-se uma linda moça, mas muito mal humorada, pois esse fio, que enroscou no mundo inteiro, puxava a sua cabeça para trás…  Somente um pretendente a se casar com ela, que fosse sensível e inteligente, poderia ajudá-la!

Nós, leitores, seremos levados por esse fio ao longo da história, algo que é diferente tanto para a princesa como para nós, que vamos perseguindo ‘um fio vermelho’ que vai se emaranhando em cima de uma ilustração toda em branco e preto. Ao final, acompanhamos o generoso pretendente da princesa desenrolar o fio das coisas do mundo, aliviando-a da sua dor e deixando-a mais feliz.

Mas isso não é tudo, vale a pena ver o desenlace para descobrirmos que fio é esse e o que ele significa.

BARBIERI, Stela. A Menina do fio. Ilust. Fernando Vilela. São Paulo: Girafinha, 2006.

Na sala de aula

Por Marilza Alberto Baptista

Na sala de aula, de Antonio Candido, é um caderno que contém 6 análises de poemas que sugerem ao prof. e ao aluno maneiras possíveis de se trabalhar o texto poético partindo da noção de que cada um requer tratamento adequado à sua natureza, embora com base em pressupostos teóricos comuns. Um desses pressupostos é que os significados são complexos e oscilantes. Outro é que o autor combina consciente e inconscientemente elementos de vários tipos.

Com maior ou menor minúcia, conforme o caso, as análises focalizam aspectos relevantes de cada poema: às vezes a correlação dos segmentos, às vezes a função estrutural dos dados biográficos, às vezes o ritmo, a oposição dos significados, o vocabulário etc.

CANDIDO, Antonio. Na sala de aula. São Paulo: Ática 1998.

O rei maluco e a rainha mais ainda

Por Angela Müller de Toledo

O rei e a rainha desse lugar são estranhíssimos, pelo menos no início do livro. O rei é o maior trabalhador do reino, trabalha mais que qualquer súdito, e sua mulher só faz confusão. Por onde a rainha passa acontecem as maiores maluquices e todos acham tudo muito natural. Os súditos, e também o próprio rei, levam muito a sério os disparates que a rainha fala. Todos estes personagens têm muito bom humor e consideram Heloisa uma menina que sofre de um mal chamado “Dicionário”, já que ela fala tudo corretamente, valoriza a lógica e está quase sempre cheia de aflição.

Você pode pensar que esta história é para criancinhas, uma historinhazinha qualquer de uma formiguinha que fala, de uma menininha no reino da fantasia, de uma rainha dizendo bobagens… mas acredite, você está bastante enganado. Este enredo é cheio de episódios engraçados que os pequenos não entenderiam.

Temos este livro nas duas bibliotecas da escola.

ALMEIDA, Fernanda Lopes de. O rei maluco e a rainha mais ainda. Ilust. Luiz Maia. São Paulo: Ática, 2007.