por Luana Neistein Pereira
6ºC
Título: O vendedor de histórias
Autor: Jostein Gaarder
Editora: Cia das letras
207 p.
No belo livro “O vendedor de histórias”, Jostein Gaarder cria Petter; um personagem que desde criança, não tinha nenhuma dificuldade em lembrar e criar suas próprias narrativas. Ao crescer, sua imaginação fértil permanece, o tornando um vendedor de histórias para escritores sem ideias.
Esta interessante obra, narrada em primeira pessoa, trata da imaginação através de um enredo muito envolvente e desafiante.
O autor prende os leitores a esta narrativa com as belas e complexas histórias contadas pelo personagem principal, e pela dificuldade de Petter em diferenciar a realidade lembrada e as lembranças inventadas. O personagem, tem o dom de criar e se lembrar de fantasias, é como se escolhesse viver no mundo da imaginação, de modo que as vezes nem os próprios leitores conseguem distinguir se o que acontece no livro é real, ou invenção do personagem principal.
Além disso, outro ponto que mantem esta hesitação, é o fato de o vendedor de histórias ser o narrador. Tudo é narrado pela sua visão, o que deixa a obra muito mais desafiadora, já que os leitores devem tentar descobrir o que realmente acontece, buscar informações; os envolvendo neste mundo do livro.
Em particular, um momento em que ficamos muito confusos é quando é apresentado o melhor amigo de Petter: O homem-metro. “Daquele tempo eu só me lembrava de algumas coisas misteriosas que sonhara sobre um homem que tinha exatamente a minha altura, mas assim mesmo era um homem real e adulto, com um chapéu e uma bengala, e que certa manhã, aparecera no apartamento, em plena luz do dia.” E depois, volta a mencioná-lo várias vezes. “Certa ocasião, o homenzinho estava sentado em cima dos reflexores, e apenas um metro e meio de mim.” ou “Eu teria me perguntado se homenzinho não teria voltado sorrateiramente ao mundo dos sonhos ontem no meio da noite, enquanto eu dormia.” Como observado por estes trechos, muitas vezes, o narrador personagem, menciona o seu amigo como um ser real, muitas vezes como um ser que vive na sua própria cabeça. Portanto, demoramos, a entender que o homem-métro, é na verdade, um amigo imaginário do vendedor de histórias. Esse, e vários outros e acontecimentos, mostram como,de fato, a leitura deixa dúvidas entre o real e o ideal, gerando um envolvimento entre o livro e os leitores.
Outro aspecto interessante, é que a obra, aborda a filosofia com jovens e crianças, os fazendo refletir. O que não é simples. É algo que deixa o livro muito desafiante tambem. Mas, como uma jovem leitora, sinto que o autor consegue promover essas complexas reflexões com muita sabedoria: Se você entra neste mundo da historia, não é difícil reparar em detalhes que te levam a pensamentos incríveis. Um livro inteligente, e muito interessante, para ser lido com muita atenção. Em poucas palavras: Uma obra espetacular de filosofia.