Contos de lugares distantes

Por Angela Müller de Toledo
Há muito não ficava tão feliz ao ler um livro de contos (fruição?!). Talvez porque depois de Bradbury eu não conheci histórias que envolvessem situações tão inusitadas, em cenários tão surpreendentes, com personagens tão estranhos, mas com um resultado literário tão poético.

Um búfalo conselheiro, um estudante de intercâmbio que prefere alojar-se na despensa da casa, um escafandrista andando pela cidade, uma estranha casa com um pátio interno onde as estações não correspondem ao tempo exterior, duas crianças em expedição científica aos “misteriosos lugares distantes”, gravetos com questões existenciais, e por aí vai…

São histórias que requerem atenção, mas é aquela atenção sossegada, que deixa a mente aberta para o absurdo, para a intuição, aceitando que as histórias têm uma lógica própria.

No final, voltando sobre os títulos e com a ajuda das belíssimas ilustrações, o leitor começa a compreender as ideias por trás das palavras. Aliás, não poderíamos chamar as imagens deste livro de ilustrações simplesmente, pois elas não ilustram o texto verbal, elas o complementam, as duas linguagens contam as histórias.

O autor é um reconhecido quadrinista australiano e na biblioteca temos mais dois livros dele: A chegada (maravilhoso!) e A árvore vermelha.

TAN, Shaun. Contos de lugares distantes. Trad. Érico Assis. São Paulo: Cosac Naify, 2012