PORQUE TEM COISAS DIFERENTES E ÀS VEZES ENGRAÇADAS

Eu gosto!!! Porque tem coisas diferentes e  às vezes engraçadas. Às vezes, eu não entendo porque tem palavras que eu ainda não aprendi o significado, mas eu descubro. O primeiro livro que eu li da coleção foi O fabuloso elixir do corajoso. 

Renato, 7 anos

 

 

Título: Tomás, um leva e traz (Col. Casa Amarela)

Autor: Lilian Sypriano e Cláudio Martins

Editora: Formato

33 p.

 

AMPLIANDO AS POSSIBILIDADES ÉTNICAS NOS CONTOS DE FADAS

Por Paula Lisboa

Já falamos um pouco aqui sobre a importância dos contos de fadas na formação leitora das nossas crianças. Como parte do universo dos contos de tradição popular, os contos de fadas estão presentes em todas as culturas, com variações a depender de seu país e cultura de origem.

Façamos aqui outra reflexão: para além das narrativas em si, quais são as referências étnicas e culturais trazidas pelo mundo encantado das histórias mais difundidas entre nós, cujos autores e compiladores são de origem européia? Basta uma rápida pesquisa no google para constatar:

Cinderela: sempre loira de olhos azuis / Rapunzel: loira de olhos verdes, às vezes com cabelo castanho claro / Cachinhos Dourados: loira de olhos azuis / Joãozinho e Maria: cabelos castanhos por vezes loiros, mas sempre de pele branca

Não é difícil imaginar que a representação de um universo exclusivamente branco possa afetar diretamente a autoestima das crianças não brancas, assim como limitar a formação de referências étnicas de todas as crianças. Isso se torna ainda mais preocupante em um país como o nosso, onde mais da metade da população é de pretos ou pardos (54% em 2015, segundo dados do IBGE).

Foi com esta preocupação que Ronaldo Simões Coelho e Cristina Agostinho criaram magistralmente estes recontos incríveis, ambientados nas diversas regiões do Brasil. Para completar, Walter Lara ilustrou de maneira belíssima as princesas, príncipes, bruxas, monstros e animais, partindo do nosso imaginário cultural.

Vale a pena conhecer e ler para as crianças toda a coleção, já preparados para os questionamentos que é bem provável que possam aparecer. É importante estarmos abertos para a reflexão, e se ficar sem respostas podemos também expor nossas dúvidas. Afinal de contas, há quanto tempo vemos as princesas sempre brancas e loiras, não é mesmo?

AGOSTINHO, Cristina; COELHO, Ronaldo Simões. Afra e os três lobos-guarás. Belo Horizonte: Mazza, 2013.

AGOSTINHO, Cristina; COELHO, Ronaldo Simões. Joãozinho e Maria. Belo Horizonte: Mazza, 2013.

AGOSTINHO, Cristina; COELHO, Ronaldo Simões. Rapunzel e o Quibungo. Belo Horizonte: Mazza, 2012.

AGOSTINHO, Cristina; COELHO, Ronaldo Simões. Cinderela e Chico Rei. Belo Horizonte: Mazza, 2015.

“PODE PEGAR!”, DE JANAÍNA TOKITAKA

por Paula Lisboa

Sabemos que as histórias e os livros infantis têm grande potencial formativo, ajudando na construção da identidade da criança, criando suas primeiras referências de heróis e heroínas. Considerando isso, não podemos ignorar a necessidade de oferecer contos onde não só os meninos mas também as meninas cumpram papel principal, indo além do lugar associado à fragilidade e dependência.

Em seu novo livro “Pode Pegar”, Janaína Tokitaka – autora e ilustradora formada aqui na Escola da Vila – apresenta a história de dois coelhinhos que trocam livremente de roupas e acessórios, sem se importar se isso é “de menino” ou “de menina”. No começo da história eles estão claramente caracterizados como “menino” e “menina”, mas depois do troca-troca já não sabemos mais quem é quem. Afinal o que importa é a liberdade de brincar, experimentar e se divertir! E assim, de maneira sutil e delicada, a autora desconstrói os estereótipos de gênero e deixa no ar a pergunta: o que faz uma roupa ser de menino ou de menina?

Leia mais sobre a discussão proposta pelo livro aqui e aqui!


Janaina: ‘Escrevi o livro com a esperança de que as crianças de hoje se tornem adultos livres, leves e felizes’

TOKITAKA, Janaina. Pode pegar! São Paulo: Boitatá, 2017.

EU QUERO UM AMIGO…

por Fernanda de Lima Passamai Perez

O que é um amigo? Bem, pode ser aquela pessoa que vai rir da sua piada, mesmo que não seja tão engraçada assim, ou vai te fazer rir da dela. Te avisar quando algo não estiver legal ou te elogiar quando você se superar. Ser parecido com ou muito diferente de você. Que ganha no jogo para te desafiar ou perde para te ensinar. Corrigir seus erros e, mesmo os perdoar…

O livro de Anette Bley Eu quero um amigo…é leve, divertido. A disposição das ilustrações pode parecer um pouco confusa a princípio, pois não há uma única narrativa, são vários cenários e micro narrativas que se acrescentam e concretizam o sentido de amizade, o tema comum a todas elas. Por isso vale a pena ser lido mais de uma vez e ir cruzando as imagens, criando novas situações, de novo e mais uma vez.

Deliciosa experiência de leitura para se compartilhar com os pequenos e para lembrarmos que, mesmo crescidos, é muito bom ter um amigo.

BLEY, Anette. Eu quero um amigo…. São Paulo: Brinque Book, 2013.

CONTOS TRADICIONAIS, CONTOS POPULARES, CONTOS DE FADAS

por Paula Lisboa

É impossível pensarmos na formação leitora e na experiência com as histórias sem falar dos contos tradicionais. Aqui na escola desde muito cedo nossas crianças ouvem narrativas dos irmãos Grimm, depois Perrault, caminham para os brasileiros, com recontos de Ana Maria Machado, Ricardo Azevedo, diversas versões do Pedro Malasartes… Depois estudam um pouco mais os contos de Andersen, autorais porém carregados de elementos da narrativa tradicional. Leem mitos gregos, contos africanos, russos, chineses… Nunca pára, mesmo que estejamos sempre ampliando o leque com a apresentação de diversos autores contemporâneos e contos modernos, os contos tradicionais se mantém sempre presente.

Este ano fui convidada a registrar em áudio a leitura do conto A inteligente filha do camponês, compilado pelos irmãos Grimm, que serviu de ponto de partida para as crianças dos 4ºs anos das três unidades (Morumbi, Butantã e Granja Viana) escreverem um novo episódio para a história. Cada nova história criada em duplas pelos alunos, foi ilustrada e lida em voz alta, para finalmente chegar à produção final do Projeto Curtas: pequenos vídeos contendo as narrativas contadas e ilustradas por eles!

E assim, vejam que lindo o caminho das histórias: um conto originalmente de tradição oral alemã, passou para o livro a partir da compilação dos Grimm; foi traduzido para o português pela Heloisa Jahn e serviu de base para a criação de novas histórias; essas histórias saíram do texto escrito e voltaram para a oralidade, resultando em uma produção áudio-visual!

Aqui vocês podem ouvir o conto lido por mim. A Inteligente Filha Do Camponês

GRIMM, Jacob; GRIMM, Wilhelm. Contos de Grimm. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2004. 91 p.

A ÁRVORE VERMELHA, DE SHAUN TAN

por Paula Lisboa

Um livro poético e triste, sobre aqueles dias em que acordamos com a certeza de que tudo vai mal e nada faz sentido.

Uma das coisas que me mobiliza quando escolho um livro para apresentar às crianças é a ideia de estar proporcionando um encontro. O que vai acontecer entre eles, está além do meu controle. Podemos pensar que um livro como “A Árvore Vermelha” seja pesado ou inadequado para uma criança, pois fala de sentimentos tristes, tem imagens oníricas e não usa palavras corriqueiras do vocabulário dos pequenos: “as coisas vão de mal a pior”, “a escuridão esmaga você”, “o mundo é uma máquina surda”.

Engano nosso. As crianças não somente apreciam tais expressões fortes como admiram as imagens e são capazes de sentir as emoções a que estamos nos referindo.

E assim, ao final da leitura que todos ouvem impressionantemente atentos, tiram suas próprias conclusões: “Achei esse livro triste, só no final tem duas páginas felizes” ou com maior elaboração: “Eu gostei desse livro porque a menina acha que o dia vai acabar chato e sem graça como começou, mas no final acontece uma coisa bonita!”.

Ampliamos o repertório, mobilizamos emoções intensas, damos formas à escuridão interna. E acima de tudo, possibilitamos o encontro com uma verdadeira obra de arte! Sugestão de leitura para todas as idades, dos pequenos aos grandes.

Assistam aqui o vídeo book desse título e acompanhem nossa descoberta!

TAN, Shaun. A árvore vermelha. São Paulo: SM, 2009.

A ponte

Por Angela Müller de Toledo

 

A ponte sobre o rio que passa nessa história é estreita, e andar nela só dá para ser um de cada vez.

O gigante e o urso começaram a travessia cada um de um lado da ponte e se encontraram no meio. Nenhum dos dois quer saber de voltar para dar passagem ao outro. Será que só existe essa solução?

O rio, que presenciou toda a cena, é o único que sabe o final dessa história. E eu também, claro, porque já li o livro, adorei, e recomendo aos alunos da escola.

Aliás, esse rio sabe de muitas coisas que acontecem por onde ele corre. Nas ilustrações há várias dicas de outras histórias que poderiam ser contadas: a de um pescador, a de um balonista, a de certo fidalgo que encontra um moinho de vento, e outras mais.

 

JANISCH, Heinz. A PONTE. Ilust. Helga Bansch.Trad. José Feres Sabino. São Paulo: Brinque Book, 2012

 

A pequena marionete

Por Angela Müller de Toledo
Você já viu um teatro de bonecos? Há alguns grupos especializados nesse tipo de apresentação que, em geral, contam histórias muito divertidas.

No livro que recomendo aqui, o personagem é um menino que assiste a uma peça encenada por marionetes (bonecos manipulados por barbantes), mas não gosta nem um pouco do que vê. Por que será?

O livro não tem texto escrito e por isso você vai precisar seguir a história olhando bem para os desenhos. Também não é colorido, como costumam ser os livros feitos para crianças. No entanto, tenho certeza que você vai gostar muito dele porque a história é emocionante, cheia de suspense.

As ilustrações são simples e lindas, muita coisa você vai ficar sabendo da história só de reparar no rosto ou no jeito do corpo dos personagens, no modo como eles são desenhados, nos detalhes. Os desenhos expressam muito bem os sentimentos deles.

Enfim, se você ainda não conhece este livro, passe na biblioteca e faça seu empréstimo, se já conhece, sugiro que leia de novo pensando nestas coisas que escrevi. Também é legal recomendá-lo aos amigos de qualquer idade, pois livro bom agrada a todos.

VINCENT, Grabrielle. A pequena marionete. São Paulo: Ed. 34, 2007.

Cadê meu travesseiro?

Por Angela Müller de Toledo

Se você tem um travesseiro de estimação, ou um cobertor, ou algum outro tipo de “noni” sem o qual você não dorme de jeito nenhum, recomendo o livro Cadê o meu travesseiro? É uma história rimada interessante porque tem alguns versos que lembram cantigas populares e outras histórias que, com certeza, você já conhece.

 

MACHADO, Ana Maria. Cadê meu travesseiro? Ilust. Denise Fraifeld. São Paulo: Salamandra, 2004.