Histórias em Quadrinhos em destaque na Biblioteca

por Fermín Damirdjian

Nada mais natural e óbvio do que considerar as imagens como um recurso potente e onipresente. Filmes, séries inteiras, um telejornal, uma partida de futebol cabem em nosso bolso, na palma da mão, em um quadradinho qualquer alocado em paralelo a uma reunião de trabalho ou uma aula magna. Tudo isso já sabemos. Mas pode ser bom rememorar um pouco como eram as imagens que cabiam na mão antes de recursos tecnológicos tão sofisticados.

A atual imagem da biblioteca brinda os transeuntes com uma farta vitrine de quadrinhos, que vão desde Corto Maltese, Flash Gordon e Asterix, a Laerte, Angeli e Glauco, sem deixar de passar por Mafalda e mangás, dentre muitos outros. As cores das capas saltam em uma prateleira que por si só já é uma grande página de um comic.

Obras de HQs em exposição na entrada da Biblioteca. Foto: Fermín Damirdjian

Roteiristas lendários, desenhistas impecáveis. E alguns autores que concentram ambas virtudes. Esse modo de desenhar quadros com imagens prestou-se fortemente a narrar histórias épicas, tanto quanto a retratar em um só cartum uma situação política instantânea, uma espécie de crônica ou artigo de opinião em linguagem gráfica. Livros clássicos, como a Ilha do Tesouro ou A Metamorfose, ganham vida em um recurso imagético e literário cujas origens remonta à indústria gráfica do início da Revolução Industrial.

A oferta desse recurso prosaico e rico, na Biblioteca da Vila das Juventudes, é um convite não apenas à história recente das tramas seriadas, mas também a uma linguagem que se mantém viva e ativa em época de alta tecnologia – quiçá hoje mais traduzida no sucesso dos mangás, mas com certeza não apenas por isso.

Em todo caso, fica feito o convite. As aventuras e desventuras resguardadas dentro dessas páginas não dependem de assinaturas nem de wi-fi. Basta abrir e ler.

Fermín Damirdjian – Orientador Educacional Ensino Médio

 

A Terra Partida

por Lucas Meirelles

 

Retomando as leituras da quarentena – do final do ano passado para esse – me programei a ler uma trilogia. Há muito tempo indicado por amigos e podcasts comecei a ler os três livros da série A Terra Partida, da escritora N. K. Jemisin. Ela é negra, norte-americana e já tem uma grande produção de ficção científica e fantasia. Essa série especificamente – mas conta-se que faz parte da literatura dela – aborda temas como violência, justiça social, racismo e relações humanas (o que é que pode ser identificado como “humano” dentro da ficção científica?). E além disso, traz protagonismo feminino para as personagens principais.

Barcelona 06 06 2017. A ganhadora do prêmio Hugo de ficção científica 2016, a escritora N. K. Jemisin posa na livraria Gigamesh. Fotografia de Jordi Cotrina.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os livros da série são na ordem: A Quinta Estação, O Portão do Obelisco e O Céu de Pedra.

Foram publicados originalmente entre 2015 e 2017 e foram vencedores do Prêmio Hugo de Melhor Romance, nos anos de 2016 a 2018. Sou geralmente muito cético quanto a ler críticas, saber de um júri que escolhe uma obra para alguma premiação, mas dessa vez tive que dar o braço a torcer e reconhecer o merecimento de tanta aclamação. É realmente uma ótima série e vale cada minuto lido.

A história se baseia num planeta com um continente chamado Quietude e, de tempos em tempos, o mundo é destruído por falhas sísmicas, explosões de gases letais, para dar início a um novo mundo renascido das cinzas. Cada renascimento é conhecido como uma nova Estação. As pessoas que moram nesse continente são divididas em sete castas que não permitem mobilidade social. Cor de pele, gênero e sexualidade têm peso dentro de cada casta também, com medidas diferentes. As protagonistas desde o começo do primeiro livro são orogenes (palavra criada pela autora para designar pessoas que tem o poder de sentir e criar/destruir a partir dos movimentos da terra) que sofrem por terem o poder da orogenia. Há também um jogo de palavras com o diminutivo – e pejorativo – de orogene que é “rogga”, inspirado na palavra do inglês “nigga”. Então elas sofrem com o poder, com o nome e usam isso para transformar relações e o mundo a sua volta.

A saga das personagens é de sobrevivência contra as forças da natureza nesse fim do mundo, e tudo o que leva a esse término. É confuso no começo para se ambientar com as personagens, o enredo, os nomes, mas bastante cativante durante esse processo fazendo os três volumes serem rapidamente lidos.

 

A quinta estação/ O Portão do Obelisco/ O Céu de Pedra
Série: A Terra Partida
Autora: N. K. Jemisin
Tradutora: Aline Storto Pereira
Editora: Morro Branco
Ano de publicação: 2017/ 2018/ 2019

 

Contos indígenas e africanos

por Lucas Meirelles

modo: tirando a poeira o blog

Bom dia, boa tarde, boa noite!

Já iniciamos o ano de 2021 há um tempo e vamos voltar a publicar conteúdo aqui para o blog 🙂

Para iniciar falaremos sobre  contos indígenas e africanos (fruto de uma pesquisa para a Educação Infantil e de nossa constante atenção). Com isso, não pretendemos esgotar o assunto, mas certamente abrir possibilidades para discussões futuras.

Em nosso acervo, essas duas expressões de contos estão alocados em classes distintas e separadas do restante da literatura infantojuvenil. Estão dentro da Coleção de Literatura Infantojuvenil (CIJ) e dentro de Contos, mitos e lendas – dentro dessa classe as histórias são separadas por nacionalidades, povos e/ou etnias.

Ambos os indígenas e africanos são contos, geralmente, bastante conhecidos, lidos, adaptados e até corporificados em contos, mitos e lendas ditos brasileiros. Temos uma cultura muito diversa com influências dos povos de dentro e dos povos de fora, trazendo algumas dificuldades para saber a exata localidade do conto e saber se é um conto tradicionalmente brasileiro ou de algum outro povo. Muitos desses contos têm características similares a outros contos folclóricos: contos com animais que falam, contos de repetição, histórias com dilemas, fantasia e aventura, etc.

E esses contos ainda têm raízes de tradições orais, então não é fácil ter certeza do local ou do povo que criou o conto. Devemos muito a antropólogos, antropólogas e pessoas que estudaram (e estudam) o folclore por sabermos as histórias.

A África são muitas. Grande parte da imigração de lá para o Brasil se deu por conta do triste período do tráfico de escravos para o Brasil. Atualmente essas imigrações chegam também por conta de guerras e outros problemas socioambientais, e também por algum acordo entre os países lusófonos (na África temos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe). As religiões e sociedades africanas são tantas e muito representadas dentro da literatura e das histórias, trazendo esses pontos de vistas.

Sem medo de ser redundante: os povos indígenas do Brasil também são muitos! E sobre os contos indígenas comentamos os criados e contados a partir da chegada dos portugueses e da divisão territorial do Brasil (dizimação de populações de diversas tribos, processos de aculturação, etc.). Por muito tempo (até hoje!) os povos originários sofrem com seus territórios e a luta é constante. Os contos têm, em geral, uma grande complexidade e uma fase de adaptação na leitura. Hábitos alimentares, espiritualidades, relações com a natureza são algumas das adaptações que grande parte dos leitores e leitoras precisam passar quando não têm um contato mais significativo com culturas indígenas.

Ler essas literaturas, nos faz apreciar e conhecer culturas únicas e que, por mais diferentes que sejam, podem nos aproximar e fazer perceber o quão parecidos somos todos – ou que não temos nada a ver também 🙂

Para saber mais sobre literatura infantojuvenil e sobre povos indígenas e africanos, indicamos os seguintes sites:

… além, é claro, de nosso acervo de literatura infantojuvenil!!

O Quebra-Nozes e o Rei dos Camundongos

por Lucas Meirelles

 

Final do ano chegando: festas, encontros e celebrações. Um fim de um ano muito estranho e diferente. E que com bastante cuidado e afeto pode ser celebrado e resoluções de ano-novo são muito bem vindas.

Pensamos, em uma de nossas reuniões, em muitas histórias de Natal, de fim de ano, e decidimos, numa espécie de celebração, pela história do Quebra-Nozes para ser feita a leitura e presentear nossas leitoras e nossos leitores.

“O Quebra-Nozes e o Rei dos Camundongos” é um romance natalino de E.T.A. (Ernest Theodor Amadeus) Hoffmann, publicado em 1816. É uma fantasia muito conhecida dentro do imaginário ocidental, sendo adaptado para outras obras literárias, para o balé, cinema, teatro, música, etc. Muitas transformações de um grande romance.

Adotamos essa versão da editora Zahar (que conta também com a versão de Alexandre Dumas, que inspirou o balé “O Quebra-Nozes” de Tchaikovsky). Resolvemos, então, cada membro da equipe revezar a leitura dos capítulos. Vocês podem acompanhar os vídeos nessa playlist aqui.

 

Boas festas, um ótimo ano novo e até breve!

Música que inspira literatura ou literatura que explica música?

por Lucas Meirelles

Ilustração de André Neves

Música e literatura andam lado a lado. Por vezes bem juntas. Por outras, mais separadas. Mas sempre uma de olho na outra.

Na formação do nosso acervo, vez por outra nos esbarramos em livros sobre música e também músicas explicadas ou traduzidas em livro. Há uma aproximação explícita da poesia estar entre a música e a literatura. Muitas poesias são musicadas e transformadas, então, da literatura para a música.

Fiz um levantamento sobre essa intersecção com alguns exemplos mais óbvios e outros que demandam mais atenção às insinuações musicais. Muitas publicações que poderiam fazer parte desse levantamento ficaram de fora por conta do tamanho da lista e, principalmente, para poder instigar a curiosidade em conhecer mais o acervo de nossas bibliotecas. Além desse levantamento, temos publicações de biografias de músicos e músicas, livros sobre ritmos musicais, livros sobre música e sociedade, songbooks, teoria musical, enfim, muita coisa disponível se quiser saber mais sobre. Inclusive, se tiver indicações, pode compartilhar nos comentários ou conversar com a gente!

 

Amoras / Emicida ; ilustrações Aldo Fabrini. São Paulo : Companhia das Letrinhas, 2018. [44] p.

O primeiro título é o Amoras, do cantor Emicida. O livro nasceu a partir da música de mesmo nome do livro. Essa adaptação da música para a literatura infantojuvenil é feito de um jeito simples, mas poderoso, trazendo bonitas ilustrações que conversam com a história/letra da música e dá o ritmo da leitura. Vocês já pensaram em ler esse (ou outro) livro ouvindo música? Será que ajuda? Atrapalha? O que vocês acham?

 

 

Os saltimbancos / Sergio Bardotti ; tradução e adaptação Chico Buarque ; música Luis Enrique Bacalov ; ilustrações de Ziraldo. Belo Horizonte : Autêntica, 2017. 31 p.

Pensei nesse título primeiro por uma questão afetiva. Esse livro – na verdade, o vinil com as músicas – me acompanha desde a primeira infância. Ouço sempre as músicas d’Os Saltimbancos e sempre me emociono. Acompanhar os acontecimentos da vida do cachorro, da gata, do burro e da galinha é muito legal. A história foi criada como uma peça teatral musical por um italiano, o Sergio Bardotti, foi musicada por um argentino, o Luis Enriquez Bacalov, e adaptado aqui pro Brasil pelo compositor Chico Buarque. E essa edição conta ainda com ilustrações do Ziraldo!

 

Foxtrote / Helme Heine ; tradução José Feres Sabino. São Paulo : Iluminuras, 2013. [32] p.

Foxtrote é uma raposa. E também é o nome de uma dança criada no começo do século passado. A história de Helme Heine é sobre essa raposa bem musical numa família silenciosa. E música e silêncio fazem uma bela dupla e podem transformar o mundo dessa família e outros mundos também.

 

 

 

 

O fantasma da ópera / Gaston Leroux ; apresentação Rodrigo Casarin, tradução e notas André Telles. Rio de Janeiro : Zahar, 2019. 320 p.

Esse livro é um clássico da literatura gótica, lançado entre 1909 e 1910. Foram feitas tantas adaptações para cinema, teatro, televisão, ópera que o texto original é muitas vezes esquecido. É a história de uma cantora de ópera que é raptada por um fantasma que a mantém até ela amar ele. Porém, antes dela ser raptada há um antigo amor que reaparece vai lutar para salvar ela do fantasma.

E ópera junta-se perfeitamente nesse levantamento, pois é a junção do teatro com a música!

 

Igor, o passarinho que não sabia cantar / história e ilustrações Satoshi Kitamura ; tradução de Eduardo Brandão. São Paulo : Companhia das Letrinhas, 2006. [30] p.

Igor é um passarinho desafinado que, por mais que tente, não consegue cantar junto dos outros. Treina, consegue aulas de canto, ensaia e nada. Pensa em desistir e até foge de casa, mas algo acontece que pode mudar esse pensamento.

 

 

O canto das musas : poemas para conhecer, ler, recitar e cantar / Aline Evangelista Martins, Cibele Lopresti Costa & Péricles Cavalcanti ; organização: Zélia Cavalcanti. São Paulo : Companhia das Letras, 2012. 175 p.

Esse livro é uma coletânea de poesias brasileiras e portuguesas. São poemas que, com a ajuda das Musas, podem ser analisados e relacionados com música. A sonoridade, a melodia, o ritmo, as repetições, os silêncios e todas as características das poesias que se entrelaçam com a música e seus ritmos.

Uma coisa boa de se pensar/fazer depois desse livro é buscar outros livros de poesia e pensar em ritmos e melodias para os poemas.

 

 

Strange fruit : Billie Holiday e a biografia de uma canção / David Margolick ; apresentação, André Midani ; prefácio, Hilton Als ; tradução, José Rubens Siqueira. São Paulo : Cosac Naify, 2012. 141 p.

Strange fruit destoa um pouco dos outros títulos desse levantamento aparentemente mais infantis. E é a história de uma música – a música que virou um símbolo da cantora de jazz Billie Holliday e também uma canção de protesto numa época nos Estados Unidos em que as leis de segregação racial estavam sendo discutidas e manifestações violentas de racismo estavam acontecendo. Não é uma leitura tranquila, devido ao tema, mas pelo visto, bastante atual. Muitas vezes pensando, ou sem pensar, a escolha de uma música tem um grande poder de transformar.

Os três mosqueteiros

Imagem do filme “Os três mosqueteiros”, de 1948, dirigido por George Sidney.

“Um por todos, todos por um!”

 

O lema acima citado faz parte do imaginário criado pela obra de Alexandre Dumas, Os três mosqueteiros. É um romance de capa e espada publicado em 1844 e fez parte da segunda leitura do ano do VilaLê (clube de leitura da Escola da Vila), da unidade Butantã. Durante quase 800 páginas, vivemos as aventuras e amores de D’Artagnan, Porthos, Athos e Aramis e seus lacaios, com histórias ficcionalizadas do Cardeal de Richelieu e do rei francês Luís XIII, do cerco de La Rochelle e outras personalidades da nobreza francesa e inglesa da época.

 

 

Teremos no nosso último encontro desse ano, no dia 30 de novembro, a participação de um dos tradutores do livro, o escritor Rodrigo Lacerda. Perguntas como “Por que são quatro mosqueteiros e no título são só três?”, “Quem governava a França? O cardeal ou o rei?” poderão ser respondidas nesse dia. Faremos um debate virtual sobre o livro, cada um com sua pipoca!

João Cabral de Melo Neto

por Lucas Meirelles

João Cabral de Melo Neto completaria 100 anos agora em 2020. E é mais um da série dos homenageados do 13º Festival de Poesia – Pandemia/Pandemônio/Poesia!

O poeta pernambucano, nascido na capital Recife, foi também um diplomata, morando e servindo como cônsul em diversas cidades da Europa, África e América do Sul, ao mesmo tempo que era poeta. Publicou seu primeiro livro, Pedra do sono, aos 22 anos, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Sua poesia começou com um certo surrealismo, mas foi se modificando com a linguagem e ritmo das palavras, que acabaram dando tons regionalistas e universais.

Seu poema Morte e vida Severina (1955), foi posteriormente musicado por Chico Buarque e transformado em filme e peça de teatro. E é talvez sua obra mais conhecida e estudada.

Foi também membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Letras, na cadeira 37. Ganhou duas vezes o prêmio Jabuti de poesia, em 1967 e 1993, e, em 1990, o prêmio Camões, a premiação máxima da literatura em língua portuguesa. Faleceu no Rio de Janeiro em outubro de 1999, aos 79 anos.

Os livros que temos em nossas bibliotecas são:

sobre João Cabral:

  • BARBOSA, João Alexandre. João Cabral de Melo Neto. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2008. 105 p. (Folha explica ; 25). ISBN 9788574022888.

e de sua autoria:

  • MELO NETO, João Cabral de. O artista inconfessável. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 199 p. ISBN 9788560281206.
  • MELO NETO, João Cabral de. O cão sem plumas: e outros poemas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 200 p. ISBN 9788560281190.
  • MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra e depois. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. xxii, 385 p. ISBN 8520908489.
  • MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra e outros poemas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. 294 p. ISBN 9788560281442.
  • MELO NETO, João Cabral de. A escola das facas: Auto do frade. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. 196 p. ISBN 9788560281565.
  • MELO NETO, João Cabral de. Ilustrações para fotografias de Dandara. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. 31 p. ISBN 9788539001712.
  • MELO NETO, João Cabral de. Os melhores poemas de João Cabral de Melo Neto. 4. ed. São Paulo: Global, 1994. 231 p. (Os melhores poemas; 17). ISBN 852600025x.
  • MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina: auto de Natal pernambucano. Ed. especial. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2016. 108 p. ISBN 9788556520203.
  • MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida Severina: e outros poemas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 169 p. ISBN 9788560281329.
  • MELO NETO, João Cabral de. Poemas para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. 239 p. (Para ler na escola). ISBN 9788573029628.
  • MELO NETO, João Cabral de. Sevilha andando: poesia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. 84 p. (Poesia brasileira). ISBN 8520901905.

Clarice Lispector

por Lucas Meirelles

 

Apresentamos agora mais uma centenária de 2020, homenageada no 13º Festival de Poesia – Pandemia/Pandemônio/Poesia: Clarice Lispector!

Clarice, nascida Chaya Pinkhasovna Lispector, não é brasileira nascida, mas naturalizada. Nasceu em 1920, na cidade de Chechelnyk, na então República Popular da Ucrânia, hoje apenas Ucrânia.

Em 1922, por conta da Guerra Civil Russa e da perseguição aos judeus, ela e sua família chegam ao Brasil, em Maceió, Alagoas. Ficam por pouco tempo e se mudam para Recife, no Pernambuco, onde ela cresce até seus quatorze anos. Depois do Pernambuco, muda-se, com seu pai e suas irmãs (sua mãe havia falecido em 1930) para a capital Rio de Janeiro.

Cursou Direito na Universidade do Brasil (atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro) e já dava sinais que a literatura iria tomar a sua vida. Antes de escrever seus famosos contos, novelas, crônicas e romances, se aventurou antes em traduções e escritos para jornais.

Seu primeiro livro, Perto do coração selvagem (1943), é um romance que já traz sua marca de narrativa introspectiva, conquistando a crítica e também o Prêmio Graça Aranha em 1944, como melhor romance de estreia. Em janeiro de 43 ela se casou com o diplomata Maury Gurgel Valente, iniciando uma vida de muitas viagens e culturas por diversos países. Teve dois filhos Pedro Lispector Valente (1948) e Paulo Lispector Valente (1953). Entre casamento, viagens, filhos, fim de casamento e volta ao Brasil, Clarice continua escrevendo para jornais e lança alguns livros de contos, como Laços de Família (1960), Felicidade Clandestina (1971) e romances como A Cidade Sitiada (1949), A Paixão segundo G.H. (1964) e Água viva (1973). Sua última novela, lançada em vida, foi A Hora da Estrela (1977). Um tempo depois dessa publicação, ela foi hospitalizada com a detecção de um câncer de ovário, falecendo no final desse ano. Seus livros ganharam prêmios e alguns foram adaptados para teatro e cinema.

De Clarice e sobre Clarice temos nas nossas bibliotecas:

  • LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 95 p. ISBN 8532508723.
  • LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 155 p. ISBN 8532509525.
  • LISPECTOR, Clarice. A bela e a fera. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. 110 p. ISBN 8532509479.
  • LISPECTOR, Clarice. Como nasceram as estrelas: doze lendas brasileiras. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, c1987. 51 p. ISBN 852090047x.
  • LISPECTOR, Clarice. Doze lendas brasileiras: como nasceram as estrelas. Rio de Janeiro: Rocco, 2014. 59 p. ISBN 9788562500725.
  • LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina: contos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 159 p. ISBN 8532508170.
  • LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 87 p. ISBN 853250812X.
  • LISPECTOR, Clarice. Laços de família: contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. ISBN 8532508138.
  • LISPECTOR, Clarice. A legião estrangeira. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. 100 p. ISBN 8532509452.
  • LISPECTOR, Clarice. A maçã no escuro. 7. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. 321 p.
  • LISPECTOR, Clarice. O mistério do coelho pensante e outros contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2010. 78 p. ISBN 9788579800450.
  • LISPECTOR, Clarice. A mulher que matou os peixes. 13. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1993. 62 p.
  • LISPECTOR, Clarice. Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 202 p. ISBN 8532508103.
  • LISPECTOR, Clarice. O primeiro beijo: e outros contos. 16. ed. São Paulo: Ática, 1999. 80 p. (Série Rosa dos Ventos). ISBN 8508032382.
  • LISPECTOR, Clarice. Quase de verdade. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. [28] p. ISBN 8532510604.
  • LISPECTOR, Clarice. Todas as crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 2018. 702 p. ISBN 9788532531216.
  • LISPECTOR, Clarice. Todos os contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2016. 654 p. ISBN 9788532530240.
  • LISPECTOR, Clarice. A vida íntima de Laura. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. [28] p. ISBN 8532508111.
  • CHRISTIE, Agatha. Cai o pano: o último caso de Poirot. 10. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. 184 p.
  • ROSENBAUM, Yudith. Clarice Lispector. São Paulo: Publifolha, 2002. 105 p. (Folha explica ; 47). ISBN 9788574023984.
  • CLARICE Lispector: a narração do indizível. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1998. EDIPUCRS, Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, 144 p. ISBN 8574210064.
  • FINK, Nadia. Clarice Lispector para meninas e meninos. Florianópolis: Sur; [Lomas de Zamora]: Chirimbote, c2016. [24] p. (Antiprincesas ; 3). ISBN 9788556480026.
  • MOSER, Benjamin. Clarice, uma biografia. 2. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2011. 748 p. ISBN 9788575037669.
  • RICE, Anne. Entrevista com o vampiro. Rio de Janeiro: Rocco, 1992. 334 p. ISBN 8332501028.
  • LISPECTOR, Clarice. A ilha misteriosa. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. 296 p. ISBN 9788532520142.
  • LISPECTOR, Clarice. Viagens de Gulliver. Rio de Janeiro: Rocco, 2008. 239 p. ISBN 9788532520159.

Ruth Guimarães

por Lucas Meirelles

 

Agora uma homenageada do 13º Festival de Poesia – Pandemia/Pandemônio/Poesia que completa, em 2020, seu centenário: Ruth Guimarães!

Ruth Guimarães Botelho (1920-2014) foi uma grande escritora negra. Escreveu poesias, crônicas, romances, textos teatrais e traduziu muitos livros. Além das criações literárias, foi jornalista, professora e também pesquisadora de literatura oral e folclore. (pode ser que descubramos mais alguma profissão ou habilidade durante o texto…)

Nascida no município de Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba, em São Paulo, Ruth veio para a capital aos dezoito anos para estudar filosofia. Mais tarde também se formou em Letras Clássicas.

Sua história nos jornais começa cedo, aos dez anos de idade, quando publica suas primeiras poesias em jornais locais. Mais tarde, já formada, trabalha em jornais de São Paulo e Rio de Janeiro com colunas sobre literatura, com resenhas de livros, crônicas, contos e traduções.

Aparece em 1946 seu primeiro romance, Água funda, que é muito bem recebido pela crítica e faz seu nome ser conhecido no país todo. Após todo esse sucesso, escreve mais alguns livros de contos, crônicas e divulga suas pesquisas sobre folclore brasileiro, com livros de contos, fábulas e costumes. Em 1972, publicou também um livro muito importante que é o Dicionário de Mitologia Grega.

Em 2008, foi eleita imortal da Academia Paulista de Letras. No ano seguinte, já com quase 89 anos, foi convidada a fazer parte da pasta de cultura da Prefeitura de Cachoeira Paulista. E, com sua saúde bem abatida, aos 93 falece em sua cidade natal, deixando um grande legado literário e folclórico.

Temos em nossas bibliotecas os seguintes livros dela:

  • como autora

GUIMARÃES, Ruth. Conquistas humanas: vestuário. São Paulo: Donato, [s.d.]. 297 p. (Conquistas humanas; 3).

LENDAS e fábulas do Brasil. São Paulo: Círculo do Livro, [1989]. 161 p. (Clássicos da infância).

  • como tradutora

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Noites brancas: A árvore de natal na casa do Cristo. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996. 111 p. (Clássicos de ouro). ISBN 8500001186.