A Terra Partida

por Lucas Meirelles

 

Retomando as leituras da quarentena – do final do ano passado para esse – me programei a ler uma trilogia. Há muito tempo indicado por amigos e podcasts comecei a ler os três livros da série A Terra Partida, da escritora N. K. Jemisin. Ela é negra, norte-americana e já tem uma grande produção de ficção científica e fantasia. Essa série especificamente – mas conta-se que faz parte da literatura dela – aborda temas como violência, justiça social, racismo e relações humanas (o que é que pode ser identificado como “humano” dentro da ficção científica?). E além disso, traz protagonismo feminino para as personagens principais.

Barcelona 06 06 2017. A ganhadora do prêmio Hugo de ficção científica 2016, a escritora N. K. Jemisin posa na livraria Gigamesh. Fotografia de Jordi Cotrina.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os livros da série são na ordem: A Quinta Estação, O Portão do Obelisco e O Céu de Pedra.

Foram publicados originalmente entre 2015 e 2017 e foram vencedores do Prêmio Hugo de Melhor Romance, nos anos de 2016 a 2018. Sou geralmente muito cético quanto a ler críticas, saber de um júri que escolhe uma obra para alguma premiação, mas dessa vez tive que dar o braço a torcer e reconhecer o merecimento de tanta aclamação. É realmente uma ótima série e vale cada minuto lido.

A história se baseia num planeta com um continente chamado Quietude e, de tempos em tempos, o mundo é destruído por falhas sísmicas, explosões de gases letais, para dar início a um novo mundo renascido das cinzas. Cada renascimento é conhecido como uma nova Estação. As pessoas que moram nesse continente são divididas em sete castas que não permitem mobilidade social. Cor de pele, gênero e sexualidade têm peso dentro de cada casta também, com medidas diferentes. As protagonistas desde o começo do primeiro livro são orogenes (palavra criada pela autora para designar pessoas que tem o poder de sentir e criar/destruir a partir dos movimentos da terra) que sofrem por terem o poder da orogenia. Há também um jogo de palavras com o diminutivo – e pejorativo – de orogene que é “rogga”, inspirado na palavra do inglês “nigga”. Então elas sofrem com o poder, com o nome e usam isso para transformar relações e o mundo a sua volta.

A saga das personagens é de sobrevivência contra as forças da natureza nesse fim do mundo, e tudo o que leva a esse término. É confuso no começo para se ambientar com as personagens, o enredo, os nomes, mas bastante cativante durante esse processo fazendo os três volumes serem rapidamente lidos.

 

A quinta estação/ O Portão do Obelisco/ O Céu de Pedra
Série: A Terra Partida
Autora: N. K. Jemisin
Tradutora: Aline Storto Pereira
Editora: Morro Branco
Ano de publicação: 2017/ 2018/ 2019

 

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