Histórias em Quadrinhos em destaque na Biblioteca

por Fermín Damirdjian

Nada mais natural e óbvio do que considerar as imagens como um recurso potente e onipresente. Filmes, séries inteiras, um telejornal, uma partida de futebol cabem em nosso bolso, na palma da mão, em um quadradinho qualquer alocado em paralelo a uma reunião de trabalho ou uma aula magna. Tudo isso já sabemos. Mas pode ser bom rememorar um pouco como eram as imagens que cabiam na mão antes de recursos tecnológicos tão sofisticados.

A atual imagem da biblioteca brinda os transeuntes com uma farta vitrine de quadrinhos, que vão desde Corto Maltese, Flash Gordon e Asterix, a Laerte, Angeli e Glauco, sem deixar de passar por Mafalda e mangás, dentre muitos outros. As cores das capas saltam em uma prateleira que por si só já é uma grande página de um comic.

Obras de HQs em exposição na entrada da Biblioteca. Foto: Fermín Damirdjian

Roteiristas lendários, desenhistas impecáveis. E alguns autores que concentram ambas virtudes. Esse modo de desenhar quadros com imagens prestou-se fortemente a narrar histórias épicas, tanto quanto a retratar em um só cartum uma situação política instantânea, uma espécie de crônica ou artigo de opinião em linguagem gráfica. Livros clássicos, como a Ilha do Tesouro ou A Metamorfose, ganham vida em um recurso imagético e literário cujas origens remonta à indústria gráfica do início da Revolução Industrial.

A oferta desse recurso prosaico e rico, na Biblioteca da Vila das Juventudes, é um convite não apenas à história recente das tramas seriadas, mas também a uma linguagem que se mantém viva e ativa em época de alta tecnologia – quiçá hoje mais traduzida no sucesso dos mangás, mas com certeza não apenas por isso.

Em todo caso, fica feito o convite. As aventuras e desventuras resguardadas dentro dessas páginas não dependem de assinaturas nem de wi-fi. Basta abrir e ler.

Fermín Damirdjian – Orientador Educacional Ensino Médio

 

A Terra Partida

por Lucas Meirelles

 

Retomando as leituras da quarentena – do final do ano passado para esse – me programei a ler uma trilogia. Há muito tempo indicado por amigos e podcasts comecei a ler os três livros da série A Terra Partida, da escritora N. K. Jemisin. Ela é negra, norte-americana e já tem uma grande produção de ficção científica e fantasia. Essa série especificamente – mas conta-se que faz parte da literatura dela – aborda temas como violência, justiça social, racismo e relações humanas (o que é que pode ser identificado como “humano” dentro da ficção científica?). E além disso, traz protagonismo feminino para as personagens principais.

Barcelona 06 06 2017. A ganhadora do prêmio Hugo de ficção científica 2016, a escritora N. K. Jemisin posa na livraria Gigamesh. Fotografia de Jordi Cotrina.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os livros da série são na ordem: A Quinta Estação, O Portão do Obelisco e O Céu de Pedra.

Foram publicados originalmente entre 2015 e 2017 e foram vencedores do Prêmio Hugo de Melhor Romance, nos anos de 2016 a 2018. Sou geralmente muito cético quanto a ler críticas, saber de um júri que escolhe uma obra para alguma premiação, mas dessa vez tive que dar o braço a torcer e reconhecer o merecimento de tanta aclamação. É realmente uma ótima série e vale cada minuto lido.

A história se baseia num planeta com um continente chamado Quietude e, de tempos em tempos, o mundo é destruído por falhas sísmicas, explosões de gases letais, para dar início a um novo mundo renascido das cinzas. Cada renascimento é conhecido como uma nova Estação. As pessoas que moram nesse continente são divididas em sete castas que não permitem mobilidade social. Cor de pele, gênero e sexualidade têm peso dentro de cada casta também, com medidas diferentes. As protagonistas desde o começo do primeiro livro são orogenes (palavra criada pela autora para designar pessoas que tem o poder de sentir e criar/destruir a partir dos movimentos da terra) que sofrem por terem o poder da orogenia. Há também um jogo de palavras com o diminutivo – e pejorativo – de orogene que é “rogga”, inspirado na palavra do inglês “nigga”. Então elas sofrem com o poder, com o nome e usam isso para transformar relações e o mundo a sua volta.

A saga das personagens é de sobrevivência contra as forças da natureza nesse fim do mundo, e tudo o que leva a esse término. É confuso no começo para se ambientar com as personagens, o enredo, os nomes, mas bastante cativante durante esse processo fazendo os três volumes serem rapidamente lidos.

 

A quinta estação/ O Portão do Obelisco/ O Céu de Pedra
Série: A Terra Partida
Autora: N. K. Jemisin
Tradutora: Aline Storto Pereira
Editora: Morro Branco
Ano de publicação: 2017/ 2018/ 2019

 

Os três mosqueteiros

Imagem do filme “Os três mosqueteiros”, de 1948, dirigido por George Sidney.

“Um por todos, todos por um!”

 

O lema acima citado faz parte do imaginário criado pela obra de Alexandre Dumas, Os três mosqueteiros. É um romance de capa e espada publicado em 1844 e fez parte da segunda leitura do ano do VilaLê (clube de leitura da Escola da Vila), da unidade Butantã. Durante quase 800 páginas, vivemos as aventuras e amores de D’Artagnan, Porthos, Athos e Aramis e seus lacaios, com histórias ficcionalizadas do Cardeal de Richelieu e do rei francês Luís XIII, do cerco de La Rochelle e outras personalidades da nobreza francesa e inglesa da época.

 

 

Teremos no nosso último encontro desse ano, no dia 30 de novembro, a participação de um dos tradutores do livro, o escritor Rodrigo Lacerda. Perguntas como “Por que são quatro mosqueteiros e no título são só três?”, “Quem governava a França? O cardeal ou o rei?” poderão ser respondidas nesse dia. Faremos um debate virtual sobre o livro, cada um com sua pipoca!

Ursula K. Le Guin

por Lucas Meirelles

 

Olás!

Antes de apresentar essa escritora e criar um perfil biobibliográfico, vou contar que ela – e seus livros – têm me acompanhado durante esse período de quarentena. Já li dois e estou no terceiro livro que falarei mais para frente sobre.
Então vamos à autora e sua obra!

Ursula Kroeber Le Guin, escritora estadunidense, nasceu em 1929 e faleceu em 2018. Filha de dois grandes antropólogos, Alfred L. Kroeber e Theodora Kracow-Kroeber, escreveu romances, contos, novelas, poesias e literatura infantojuvenil, além de ensaios e traduções. Durante sua vida recebeu diversas premiações literárias e algumas de suas produções foram adaptadas para o cinema e a TV. A crítica que ela recebia sobre sua literatura foi de encontro à educação e questionamentos que lhe foram dados desde o começo de sua infância.

Ela é muito conhecida por ser uma autora de ficção científica. Então em muitos de seus escritos temos distopias e utopias, mundos extraterrestres, vida artificial e os impactos de tecnologias e avanços científicos nas sociedades. Além dessa característica, outros temas e influências são notados e merecem vir à tona. Ela se declarava taoísta e anarquista, trazia em seus horizontes o feminismo, o pacifismo e diversos elementos da antropologia e outras ciências sociais.

O primeiro livro que li dela é o “A mão esquerda da escuridão“, que traz o protagonista Genly Ai, um terráqueo que vai ao planeta Gethen e tem a missão de convencer o povo desse planeta a participar do Ekumen, uma confederação informal dos planetas. A característica marcante desse planeta, e que deixa Genly Ai com muita dificuldade, é o fato das pessoas serem ambissexuais, ou seja, ninguém tem um sexo biológico fixo. Vê-se, então, como o sexo e o gênero influenciam nessa sociedade e como pode se dar o Ekumen.

Depois li “Os despossuídos“, que traz uma utopia anarquista. São dois planetas próximos, Urras e Anarres, que têm sistemas políticos bem distintos: um é capitalista, outro anarquista. Dentro desse pano de fundo, um cientista de Anarres viaja para Urras para fazer um intercâmbio tecnológico e, por conta dessa grande diferença entre os planetas, alguns acontecimentos dão certo, outros nem tanto.

E agora estou terminando “A curva do sonho“, que é a história de George Orr, um homem que, depois de sonhar, altera e transforma a realidade. Ele então começa a ter medo de dormir e sonhar. Em consultas com um psiquiatra e com algumas máquinas eles tentam entender esse fenômeno e, ao mesmo tempo, vão “consertando” com os sonhos a realidade do que está errado no mundo.

Muito mais informações sobre ela e seus livros (além de fotos e ilustrações dos mapas de alguns títulos!!) estão no site oficial dela: https://www.ursulakleguin.com/ (em inglês apenas)

Por enquanto ainda não temos nenhum livro dela de literatura adulta, mas temos em nossas bibliotecas um título infantojuvenil que é o:

LE GUIN, Ursula K. Gatos alados. São Paulo: Ática, 1996. 45, [1] p. ISBN 8508062087.

Henri Cartier-Bresson

Henri Cartier-Bresson (1908-2004), fotógrafo

por Lucas Meirelles

Nossas bibliotecas não têm somente livros literários. Revistas, jornais, enciclopédias e outros materiais sobre outras áreas, além da literatura, também fazem parte do nosso acervo.

Hoje, nosso perfil será sobre um fotógrafo chamado Henri Cartier-Bresson!

Esse simpático francês da foto, nascido em 1908, começou, antes da fotografia, a estudar pintura – o que parece ter depois criado uma estética em suas criações fotográficas. Os instantes que são revelados por ele são dignos de uma pintura.

Após uma temporada na África, na Costa do Marfim, no começo de 1930, Henri começa a tomar gosto pela fotografia e, em 1932 quando compra sua primeira câmera Leica, fez uma viagem com amigos pela Europa e sua produção fotográfica começa.

Nos anos antes da Segunda Guerra Mundial, trabalhou na assistência de direção e fotografia de cinema, principalmente com o diretor Jean Renoir e também fez alguns documentários próprios.

Mas quando chegou a Segunda Guerra ele serviu no exército francês como cabo na unidade de Cinema e Fotografia. Foi capturado pelo exército alemão na Batalha da França, em 1940 e tentou fugir algumas vezes, mas só conseguiu em 1943.

Detalhes do cotidiano foram frequentemente retratados em suas fotos. Após seu envolvimento na guerra, fotografou muitos países em diversos tempos diferentes e realizou muitas exposições mundo afora. E com outros fotógrafos fundou uma agência de fotografia, a Magnum Photos, em 1947.

A fundação que leva seu nome, situada na França, cuida de seus materiais e produção, além de apresentar exposições de outros fotógrafos e fotógrafas.

Faleceu aos 95 anos de idade, em 2004.

Como não pode deixar de faltar, aqui estão os livros dele ou sobre ele em nossas bibliotecas. Além desses, há a Coleção Folha Grandes Fotógrafos em que ele aparece em vários volumes:

 

CARTIER-BRESSON, Henri. Henri Cartier Bresson: fotógrafo. São Paulo: SESI, 2017. 342 p. ISBN 9788550402499.

 

 

 

 

CARTIER-BRESSON, Henri. Henri Cartier-Bresson. São Paulo: Cosac Naify, 2011. 1 v. (Photo poche ; 1). ISBN 9788540500006.

O LIVRO É MEIO VIAJADO, FORA DO COMUM

O livro é meio viajado, fora do comum. Ele tem histórias que eu nunca pararia para pensar que elas pudessem existir. Gostei bastante, mas é muito triste. Para se ter uma ideia, olha o último trecho: “O Menino Ostra sai para passear, e como era noite de Halloween, o Menino Ostra se fantasiou de ser humano”.

Lucas, 13 anos, estimulado por leituras tão singulares, levou A cidade inteira dorme e outros contos, de Ray Bradbury.

Título: O triste fim do menino Ostra e outras histórias

Autor: Tim Burton

Editora: Girafinha

123 p.

PARA QUEM CURTE HISTÓRIA DE TERROR

Planeta dos macacos e Alien são para pessoas que curtem filme de terror e um drama. Em Planeta dos Macacos o drama é sobreviver e no Alien o drama está em voltar para casa, fugir daquela criatura horrível.

Mateus, 6º ano

Título: Planeta dos Macacos

Autor: Pierre Boulle

Editora : Aleph

208 p.

Título: Alien

Autor: Alan Dean Foster

Editora:  Aleph

325 p.