Matilda do osso

Por Angela Müller de Toledo
Em seus quatorze anos de vida Matilda estava sozinha pela primeira vez. Embora fosse órfã, a menina crescera na Mansão Randal rodeada de criados e tendo o padre Leufredus como tutor. Quando o padre foi chamado a Londres, Matilda foi levada a uma cidade chamada Saco das Lascas para trabalhar como criada de uma mulher que, entre outras atividades, consertava ossos quebrados das pessoas. Ninguém explicou porque a menina não poderia ir com o padre, ou porque não poderia esperar sua volta na mansão. Matilda sentia-se profundamente infeliz.

Esta narrativa acontece na Idade Média e conta muitas coisas interessantes a respeito da vida e dos costumes da época, principalmente sobre a medicina medieval, quem e como era praticada. É uma história bem construída e gostosa de ler. A protagonista é orgulhosa, tem personalidade forte e é muito inteligente. Tanto que, em determinado momento dentro da história, ela consegue reconhecer as falhas e incoerências dos valores que lhe foram impostos e começa a ver tudo de maneira diferente. É uma obra imperdível.

 

CUSHMAN, Karen. Matilda do osso. Trad. Angela Melim. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

O carteiro chegou

Por Angela Müller de Toledo
Você já recebeu uma carta? Carta mesmo, vinda pelo correio, com selo, carimbo e escrita em letra de mão? É um costume antigo, anterior aos e-mails, ao orkut, às mensagens passadas pelos celulares. Escrever uma carta é algo que se faz caprichando bem na letra e em papel especial, daqueles que as meninas gostam de colecionar.

Pois bem, neste lindo livro chamado “O carteiro chegou” muitas cartas são enviadas por personagens de contos de fadas a outros personagens que você conhece das histórias. Cada uma é escrita por um motivo diferente, por exemplo: a menina Cachinhos Dourados escreve para a família de ursos cuja casa ela invadiu, pedindo desculpas por ter quebrado a cadeira do ursinho e comido todo o seu mingau. Outra carta é para Cinderela, outra para o gigante, e assim por diante até a última correspondência que contém uma surpresa.

Se você já sabe escrever, experimente mandar uma carta para alguém querido e peça para a pessoa respondê-la. É uma delícia receber cartas. Sugiro vovôs e vovós que, em geral, são ótimos correspondentes.

AHLBERG, Janet, AHLBERG, Allan. O carteiro chegou. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2007.

Procura-se lobo / Um lobo instruído

Por Angela Müller de Toledo
Você certamente conhece muitas histórias sobre lobos, além da tradicional ChapeuzinhoVermelho. Mas você já viu algum anúncio nos jornais oferecendo emprego para um lobo?
Manuel Lobo, personagem desta história, embora não seja um bicho de quatro patas, resolveu responder ao anúncio. Será que ele vai conseguir o emprego?

Para saber a resposta, dê uma passadinha lá na biblioteca e pegue o livro emprestado. Aliás, na biblioteca da escola temos lobos de todos os tipos, cores e formatos. Temos até um que resolveu aprender a ler!

 

MACHADO, AnaMaria. Procura-se lobo. Ilust. Laurent Cardon. São Paulo: Ática, 2005.

BLOOM, Becky. Um lobo instruído. Ilust.Pascal Biet. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

O marujo das árvores

Por Angela Müller de Toledo
Uma oncinha chamada Nemus e seu amigo, o macaco Nanica, um belo dia encontraram um velho barco encalhado nos igarapés perto do lugar em que moravam.

Nemus ficou animado com a possibilidade de realizar seu antigo sonho: dar a volta ao mundo. Com aquele barco enorme ele poderia descer até o grande rio e, de lá, alcançar o mar. Pensando nisso, Nemus começou a consertar o barco.

Será que Nemus conseguirá chegar até o oceano e realizar seu desejo? E Nanica, o que acha da ideia do amigo?

Esta é uma história bonita porque a oncinha aprende uma coisa muito importante que você, leitor, logo vai descobrir. Além disso, o livro tem ilustrações grandes e super coloridas que dão gosto de olhar.

EDUAR, Gilles. O marujo das árvores.São Paulo: MartinsFontes, 2005.

Kachtanka

Por  Angela Müller de Toledo

 

Cachorros são conhecidos por serem espertos e amigos de seus donos, independente da raça a que pertencem. Alguns são brincalhões, outros são mais calmos, há os ferozes com pessoas desconhecidas e aqueles que são capazes de trabalhar para o homem. Só uma coisa é comum a todos eles, não há como negar: cachorros são amigos muito fiéis.

Kachtanka é uma cadelinha russa personagem de uma história muito bonita. Em uma noite gelada, com muita neve, ela se perdeu do dono, um velho marceneiro, e por mais que procurasse pelo cheiro familiar de madeira, não conseguiu encontrá-lo.

Mas, calma, esta não é uma história triste. Kachtanka logo encontra um novo dono que a acolhe e protege, passando a viver numa casa muito diferente da velha marcenaria. Será que a cachorrinha vai se acostumar ao novo lar e aos seus novos amigos?

Este é um livro que, tenho certeza, vai agradar também os adultos. As ilustrações são belíssimas e a história foi feita por um autor famoso que gostava de escrever contos. Os personagens têm nomes um pouco estranhos e difíceis de pronunciar, mas logo a gente se acostuma. Aposto que depois de ouvir a história de Kachtanka, o nome dela já não parecerá mais tão complicado a você.

 

TCHEKHOV, Anton. Kachtanka. Ilust. Guenádi Spirin. Trad. e adap. Rubens Figueiredo. São Paulo: Cosac Naify, 2008.

Little Lit

Por Angela Müller de Toledo
Para aqueles que gostam de quadrinhos e acham que não estão mais em idade de ler contos de fadas, fica aqui o convite para conhecer Little Lit.

Neste álbum, dezessete artistas que pertencem à vanguarda das artes visuais, em particular dos quadrinhos, oferecem novas versões dos contos de fadas, fábulas e lendas, apresentando uma variedade incrível de estilos.

O resultado é uma obra que respeita a tradição mas que adota uma linguagem não convencional, cuja tônica é o humor nas suas mais variadas formas: da irreverência sutil, ao humor negro.

A primeira história, Príncipe galo, é uma parábola hassídica (corrente do judaísmo medieval que pregava o retorno à simplicidade) que conta sobre um jovem príncipe que se recusa a vestir roupas e fica o tempo todo embaixo da mesa comendo milho.

Os contos de fadas são os conhecidos João e o pé de feijão, A princesa e a ervilha e A bela adormecida, esta última em trecho da versão de Perrault que conta o que aconteceu depois que a princesa se casou.

Os contos admonitórios – assim chamados porque há neles uma advertência, uma lição ou reprimenda – estão aqui representados por A filha do padeiro, que conta porque uma menina acaba virando coruja, e pela história O cavalo faminto em que um fazendeiro, por ser explorador e cruel , é também transformado em animal.

A narrativa visual O homem-biscoito, é um clássico de 1943 reproduzido em fac-símile. Há também uma lenda japonesa, um conto do folclore Italiano, e um do holandês.

Little Lit ainda inclui jogos e brincadeiras que lembram os gibis de antigamente, com “passa-tempos” no meio das histórias.

Muita coisa ainda poderia ser dita sobre cada um dos quadrinistas escolhidos, cada técnica de desenho, formato dos balões, letras, cores, traços e, principalmente, sobre as diferentes relações entre texto e imagem. Trata-se de uma coletânea excepcional que apresenta um panorama do que é feito atualmente na área dos quadrinhos e Cartuns, além de mostrar como os contos tradicionais são uma fonte inesgotável de criação.

 

LITTLE LIT: fábulas e contos de fadas em quadrinhos. Org. Art Spiegelman e Françoise Mouly. São Paulo: Cia das Letras, 2003.

 

A órbita dos caracóis

Por Angela Müller de Toledo
Romance policial cujo narrador é mais que onisciente: é um palpiteiro irônico que conversa com o leitor, comenta as atitudes das personagens e justifica o enredo e as decisões de estilo.

O livro começa com um assassinato nas ruas do centro da cidade de São Paulo e segue introduzindo os protagonistas: a hacker Juliana, seu namorado, o bioquímico Tota e o amigo do casal, Mori, ou Japa para os íntimos. O leitor é fisgado logo nos dois primeiros capítulos para uma história que mistura o envenenamento de pessoas por uma bactéria contida nos escargots, a ameaça da queda de um satélite artificial na cidade e um vilão inescrupuloso e meio louco, tudo sob o pano de fundo da vida de jovens “descolados” em uma grande metrópole.

Uma narrativa muito bem-humorada para adolescentes e jovens que gostam do gênero.

MORAES, Reinaldo de. A órbita dos caracóis. São Paulo: Cia das Letras, 2003.

O sorteio da morte

Por Angela Müller de Toledo
Esta é a história de um homem comum, em plena saúde e bastante apegado à vida, que tem sua morte anunciada.

O portador da má notícia é um “recolhedor de almas”, um diabo não graduado incumbido por seus superiores de entregar um “prêmio” ao infeliz.

Dentre todos os que vão morrer, uma pessoa é sorteada para desfrutar seus últimos momentos da maneira que quiser, podendo pedir qualquer coisa.

No início o diabo precisa convencer o sorteado de que fala a verdade e usa todas as suas habilidades para isso. Descreve em detalhes a vida presente e passada do homem, atravessa paredes, desmaterializa-se, transforma água em enxofre e persegue Jean Trumel por todos os lugares tentando-o com prazeres de toda ordem: fama, glória, fortuna, mulheres, poder, felicidade, tudo. O diabo é um tremendo chato e isso torna a narrativa muito cômica.

Trumel, por sua vez, passa por vários sentimentos ao longo da narrativa: incredulidade debochada, incredulidade desconfiada, clareza súbita, raiva, desespero, revolta, até chegar à determinação de não se entregar, de sabotar os planos da morte.

Trata-se de um texto ágil, de humor ácido, com enredo inteligente que vai crescendo em dramaticidade e que, ao mesmo tempo, propõe uma reflexão sobre a vida e a morte.

Imperdível.

KEMOUN, Hubert Ben. O sorteio da morte. Trad. Carlos Sussekind. São Paulo: Cia das Letras, 2001.

HQs: quando a ficção invade a realidade

Por Angela Müller de Toledo
Comento aqui um livro que mescla a prosa e os quadrinhos e cujo enredo parte da seguinte ideia: os heróis de HQ existem em um mundo paralelo e  podem interagir com as pessoas que os desenham. A história explora, portanto, a relação entre o criador e os personagens criados.

A primeira parte da obra coloca o leitor a par da trama, dos personagens e do conflito. Na segunda há o confronto entre os heróis e o vilão.

Colocando as coisas desta maneira a leitura parece simples, mas não é. Há uma grande quantidade de personagens transitando entre a história narrada e as histórias criadas por Déo, um jovem desenhista e autor de fanzinis. Déo é o protagonista que desenha o herói que enfrentará o mortal Biker numa batalha travada com lápis e papel.

O projeto gráfico merece destaque, assim como o glossário ilustrado colocado nas últimas páginas da obra. É um “bônus” informativo bem interessante.

Trata-se de um livro para jovens com alguma experiência em ambas as linguagens, texto e HQ, acostumados com enredos intrincados e que, eventualmente, questionam sobre a linha tênue que separa a ficção da realidade.

RIOS, Rosana. HQs: quando a ficção invade a realidade. Ilust. Amílcar Pinna. São Paulo: Scipione.2007.

O menino do pijama listrado

Por Iara Bárbaro

A história é sobre um menino alemão, Bruno, que na época do nazismo não imagina que sua família está tão envolvida nisso, pois não tem a dimensão do que trata essa época da história. Sofre por ter que morar no interior da Alemanha (o pai foi transferido), mal sabendo que mora na frente de um campo de concentração. É lá que vê as pessoas com roupa listrada e conhece um menino que vai selar o seu destino.

Achei um livro bom. Mas esperava mais. Para as férias é aconselhável.

O filme parece ser melhor.

BOYNE, John. O menino do pijama listrado. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.