CRÔNICAS DO ESQUECIMENTO

por Gustavo Liba Franco Barbosa
6ºB – Unid. Butantã

Livro: Separados
Editora: Seguinte
Autor: Pauline Alphen
256 páginas

O livro “Separados”, segundo livro da série “Crônicas de Salicanda”, de Pauline Alphen, apresenta um mundo quase que medieval em que dois gêmeos, Jad e Claris, começam a desenterrar os mistérios do passado. Em uma noite chuvosa no aniversário dos gêmeos, um raio atinge o farol deixando Jad, o irmão de Claris, desaparecido e o pai dela morto, depois disso a gêmea vai tentar ajudar os feridos, mas no caminho de volta ela se perde  pelas passagens do castelo, que acabam dando em um sistema de cavernas escuras e labirínticas.

As cavernas simbolizam o trauma de Claris ao perder sua família, mas a ilha representa o processo de se recuperar, reconstruir, e melhorar depois de um evento traumático.

Enquanto a escuridão das cavernas, labirintos frios e rochosos, em que a desenhorentada menina se perdeu, depois daquela noite chuvosa que destruiu seu mundo. Ela começa a vagarosamente desabar em si mesma. Por não ter mais nada bom em que se sustentar, ela começa a esquecer tudo e todos e conforme seu mundo desaparecia nas profundezas daquele labirinto rochoso, que de certa forma a engolia, de que já não queria mais se livrar.  Começou a se sentir vazia e sem sentido enquanto ia para as profundezas daquele mundo escuro e desconhecido, que simboliza a frieza do destino. Mas nada mais fazia sentido para ela enquanto ia sucumbindo por dentro, nada era claro, nem mesmo palavras. “Eu não agradeci ao meu pai, não desejei feliz aniversário para meu irmão. Não agradeci ao meu pai, não desejei feliz aniversário para meu irmão. Não agradeci não desejei meu pai meu irmão irmão irmão’ Ela repetiu tantas vezes a mesma frase que não lembrava mais o sentido das palavras.” Como esse trecho mostra, Claris estava esquecendo de tudo para tentar se recuperar do trauma, virou um fantasma do que ela era, graças essa tentativa desesperada de esquecer como ela sempre fazia, mas isso só a machucou mais, porque como tudo desapareceu, a dor só ganhava mais espaço em meio aquele vazio.

Mas como para tudo há um contrapeso na vida, Claris acaba indo para uma incrível Ilha, onde o céu é diferente, onde o mar tem vida, e onde ela ganha um novo nome e junto com isso uma nova identidade. E no final, é essa identidade falsa que a faz lembrar quem ela é, como é dito no trecho: ”Meu nome é Claris! não Aran, é Claris! Claris de Salicanda!” Esse trecho mostra que a identidade dela só foi salva pela estadia na ilha. Como se ela se escondesse só para desabrochar depois, a ilha foi como um ritual de passagem, como ela entrasse uma pessoa e saísse uma uma outra, mais madura e com essas experiências da ilha que ela volta para casa determinada a achar o que tinha perdido.

O desamparo que Claris sentiu ao perder sua família está refletido no desamparo de não conseguir achar o caminho de volta, a frieza de perder sua família está refletida nas paredes duras e frias das cavernas, o vazio de perder tudo que conhecia está refletido na escuridão sem fim das cavernas, mas a esperança está refletida nos brilhosos três sóis da ilha, a sua determinação para voltar está refletida na floresta e sua gentileza e bondade estão refletidos nos habitantes da ilha. E isso faz o livro ser muito profundo, tanto como os mistérios de seu passado e tanto como os sentimentos que se sente ao ler e o significado do livro.