MONOMANIA

por Teresa Novis Rossi
6ºB – Unid. Butantã

Livro: Vertigo (O corpo que cai)
Editora: Rocco
Autor: Thomas Narcejac e Pierre Boileau
188 páginas

 A obra “Vertigo”, de Thomas Narcejac e Pierre Boileau, se passa durante a segunda guerra mundial e  Flaviéres, um advogado preocupado, angustiado e acrofóbico, afastado do cargo de policial, é chamado para vigiar a esposa de um velho amigo de infância, Gévigne, que ele já não encontrava há muito tempo. Gévigne está aflito e desesperado, pois sua esposa, Madeleine, uma linda jovem, age de uma forma muito estranha e anormal, relacionada a sua Bisavó falecida. A moça está obcecada por sua antepassada, vestindo-se de tal forma e tendo tais hábitos que se assemelham aos de Pauline Lagerlac.

Em busca de explicações e vestígios, o detetive acaba se apaixonando perdidamente pela mulher. Este amor faz com que ele se aproxime e que possamos conhecer Madeleine, cada vez sabemos mais fatos.  E quando a esposa de seu amigo se joga nas águas do Sena e ele a salva, Flaviéres começa carregar o peso de sua amada em suas costas.

Tudo isso é contado de uma forma muito bem formada, com uma estrutura muito boa, aonde cada detalhe faz diferença, a cada momento descobrimos uma nova peça do quebra cabeça para o suspense. E o livro“Vertigo”,  por trás de tudo isso, fala sobre a obsessão, a angústia e o medo.

Anteriormente, o personagem é afastado do cargo de policial por não poder ajudar o seu amigo, que caiu de um prédio e morreu. Então, quando é novamente  impedido de salvar a vida de alguém por conta de sua acrofobia, quando Madeleine se joga do alto de uma igreja, se suicidando, ele fica nauseado. Flaviéres carrega a culpa por todo o resto de sua vida. Como nós, por mais que queremos, não conseguimos esquecer, e ao tentar esquecer, iremos lembrar e isso nos angustia, nos deixa preso em um pensamento. Essa identificação que temos com o personagem, conseguindo sentir o que ele sente, faz com que consigamos entrar no clima do mistério.

“Você nem mesmo se lembra daquela vez no museu do Louvre?”.  Flaviéres pergunta isso quando encontra uma atriz, Renée, que pensa ser sua bela e falecida Madeleine. Ele desacredita, então pergunta muitas coisas estranhas sobre seus passeios e memórias antigas construídas com sua amada.

A partir disto, o personagem não consegue se controlar, é impossível reter seus pensamentos. Ele fica nauseado, inconformado, e principalmente obcecado, se afogando em copos de whisky.

É muito interessante, pois o livro traz uma reflexão ao cotidiano, através do  personagem protagonista. Ele mostra como nós podemos ser obsessivos por algo e por alguém. Quando esquecemos que tem algo envolta de nós e apenas pensamos no que queremos.

Muitas coisas vão sendo descobertas na narrativa, cada vez sabemos mais sobre Pauline Lagerclac, Madeleine e Renée, porém sempre ficamos nos duvidando de quem são elas realmente, se são a mesma pessoa. Nenhuma explicação é feita sobre este aspecto, e isso é o que torna a trama excelente .

A obra é contada de um jeito surpreendente e envolvente. Não é possível esperar para depois, é impossível que a mão não vire a página. O leitor não se pergunta o que aconteceu, mas sim, o que vai acontecer.