por Lucas Meirelles
Biblioteca do Real Gabinete Português de Leitura (RJ)
Como parte das atividades realizadas pela equipe das bibliotecas após as férias entre maio e junho de 2020, a oficina “História das Bibliotecas” foi apresentada ao F2. Parte relato, parte apresentação, esse post apresenta também algumas outras curiosidades sobre a história das bibliotecas.
Biblioteca vem do grego, composto de biblion — “livro” e theca — “depósito”.
Mas antes de falar sobre como a humanidade tratou de organizar suas informações em bibliotecas, seus pergaminhos, papiros e livros, é importante falar antes sobre a mudança que os suportes da informação sofreram durante a história, sejam eles minerais, vegetais ou animais.
Os primeiros suportes de informação, possíveis de serem reunidos em uma biblioteca, foram os tabletes de argila nos quais, com o auxílio de pedras e cunhas, registravam-se as informações.
Imagem possível do acervo da Biblioteca de Alexandria
Depois apareceu o pergaminho (possivelmente com esse nome por conta da cidade de Pérgamo, onde também tinha uma grande biblioteca), feito de pele de animais como ovelhas, cabras e carneiros. Elas eram esticadas e tratadas quimicamente e fisicamente para ficarem lisas, limpas e claras o suficiente para escrever em cima. Bem próximo ao pergaminho, o papiro e tempos depois, o papel, apareceu para fechar os suportes vegetal, animal e, agora, o vegetal. O papiro vem da planta de mesmo nome e suas fibras eram trançadas para dar um aspecto liso e claro para a escrita poder ser feita.
As bibliotecas acompanharam a trajetória dos suportes e foram se organizando para as informações e a(s) história(s) serem preservadas. Na Antiguidade e até meados da Idade Média as bibliotecas eram principalmente lugares de registro e preservação do conhecimento. E é importante apontar que esse conhecimento era para poucos que sabiam ler e escrever e que, com isso, detinham o poder de decisão de como as informações circulavam.
Já na Grécia, começam as primeiras bibliotecas públicas e o espaço das bibliotecas também é utilizado em discussões, pesquisas, etc. E assim, esse espaço vai evoluindo, durante o período da Idade Média na Europa. Passam a figurar três tipos de biblioteca: monacais (mosteiros e conventos com seus monges copistas), particulares (principalmente de sacerdotes, reis e imperadores) e universitárias (início das primeiras universidades e maior possibilidade do conhecimento circular entre mais camadas das populações).
Da Idade Média aos dias de hoje as bibliotecas foram evoluindo, mudando práticas e pensando não só em registrar e preservar, mas em disseminar de forma organizada o conhecimento. E essa disseminação foi em grande parte ajudada pela revolução da imprensa, aperfeiçoada por Johannes Gutenberg e a invenção da prensa móvel, que facilitaram aos códices e ao livro ser mais difundido e popularizado.
Biblioteca da Universidade de Oxford
Para finalizar e pensando na história dos suportes, as bibliotecas digitais são uma volta às bibliotecas minerais, já que muitos componentes dos servidores nos quais as bibliotecas estão locadas, fazem parte de famílias dos minerais.
Então, fica o convite para conhecerem a World Digital Library, biblioteca criada em acordos entre Library of Congress, UNESCO e diversas bibliotecas particulares e nacionais do mundo todo, que reúne manuscritos, fotos, mapas e diversos outros documentos desde 8.000 a.C.!