PARA QUEM CURTE HISTÓRIA DE TERROR

Planeta dos macacos e Alien são para pessoas que curtem filme de terror e um drama. Em Planeta dos Macacos o drama é sobreviver e no Alien o drama está em voltar para casa, fugir daquela criatura horrível.

Mateus, 6º ano

Título: Planeta dos Macacos

Autor: Pierre Boulle

Editora : Aleph

208 p.

Título: Alien

Autor: Alan Dean Foster

Editora:  Aleph

325 p.

E NÃO SOBROU NENHUM

por Fernanda de Lima Passamai Perez

Ao largo da costa de Devon, Inglaterra, fica a Ilha do Soldado. O lugar virou destaque na imprensa depois que um milionário norte-americano construiu uma moderna e luxuosa casa onde dava festas extravagantes e muito comentadas. Contudo, em pouco tempo, a ilha mudou de dono. A jovem esposa do proprietário sofria de enjoo do mar e ele teve que vender a casa e a ilha.  Segundo se dizia, a propriedade foi comprada por um tal sr. Owen e posteriormente pela Srta. Gabrielle Turnl, estrela de Hollywood. Só isso já bastava para despertar a curiosidade daquelas dez pessoas que receberam um inesperado convite para um final de semana na famosa Ilha do Soldado.

Nenhum dos hóspedes parecia se conhecer ou ter sido convidado pela mesma pessoa. O fato é que é todos pareciam ter algo em comum : o envolvimento na morte de alguém no passado. Pelo menos foi essa a alegação do anfitrião – que revelou-se mesmo ser o sr. Owen. Após o jantar da primeira noite, através de uma uma voz inesperada, inumana e penetrante, ele expôs a acusação que recaía sobre cada uma das pessoas presentes naquela casa.

A partir desse momento, uma espécie de julgamento sumário aconteceu e mesmo alegando inocência, negando as acusações, as sentenças foram executadas tal aquela canção infantil dos Dez Soldadinhos… até não sobrar nenhum!

E não sobrou nenhum, de Agatha Christie, conhecida como a Rainha do Crime,  é um thriller psicológico e um dos mais conhecido romances da autora. Publicado inicialmente como o Caso dos dez negrinhos (Ten little nigers) na Inglaterra em 1939, o título causou polêmica no mercado americano e foi alterado para Ten little Indians e mais tarde para And Then were none. No Brasil, o livro chegou a ser publicado nos anos 50 com o título de O Caso dos Dez Negrinhos, e desde 2008, com o título de E Não Sobrou Nenhum.

Apesar das polêmicas em torno do título, a história segue divertindo leitores ao redor do mundo que são fisgados pela elaborada narrativa na qual toda palavra pode ser uma pista para tentar descobrir o criminoso antes do final.

Um último aviso : o desfecho sempre é surpreendente!

CHRISTIE, Agatha. E não sobrou nenhum. São Paulo: Globo, 2015.

A TRÁGICA ESCOLHA DE LUPICÍNIO JOÃO

por Fernanda Passamai Perez

Por Fernanda Passamai Perez

Lupicínio João nunca entendeu por que seu pai detestava seu avô materno a ponto da mãe ter que mentir quando levava os filhos para visitá-lo. Tudo bem que aquele senhor não era dos mais simpáticos, o menino mesmo não se sentia a vontade na presença dele, e, agora, diante daquele corpo rijo e sem vida, não sentia nada.

Apesar disso, Lup, como era chamado em casa, teve uma infância comum e feliz. Mas, prestes a completar 13 anos, mudanças em seu corpo anunciavam que além da puberdade, chegara o momento de conhecer o significado daquela marca vermelho rubi abaixo da axila direita: como seu avô, Lupicínio João era um… lobisomem!

Porém, havia uma chance de mudar sua sorte.  No momento certo, ele teria de fazer sua escolha: ser ou não um lobisomem para o resto de sua existência. Sua vida era boa, sem dúvida. Era amado por seus pais e gostava da irmã, mas como resistir ao poder que brotava de si, graças à sua herança?

Esqueça tudo o que você ouviu falar sobre lobisomens e acompanhe o desfecho dessa emocionante história.

SILVEIRA, Maria José. A trágica escolha de Lupicínio João. São Paulo: Scipione, 2012. (Diálogo)

PARA FUGIR DAS ARMADILHAS NA ESCOLHA DE BONS LIVROS PARA AS CRIANÇAS

ilustração Luisa Furman

Por Paula Lisboa*

Quem aqui já desejou uma fórmula mágica para ajudá-lo numa decisão difícil? Quem já sonhou com uma receita secreta que dissesse qual a melhor forma de educar, orientar e ensinar nossos filhos? Não tem jeito, sempre que pedimos conselhos e opiniões, acabamos descobrindo que a melhor escolha está dentro de nós, e, para acessá-la, é preciso de tempo para a escuta interior.

Falando em leitura para as crianças, acreditem, o caminho também passa por aí. Infelizmente não existe uma fórmula que nos garanta fazer as melhores escolhas no que se refere aos livros que vamos ofertar aos nossos filhos. Também, nesse momento, é preciso tempo para a escuta, para a observação, para o olhar atento, tanto para a criança quanto para os livros em si.

Embora não exista uma fórmula mágica, existem, sim, alguns parâmetros que podem nortear nossas escolhas, parâmetros esses que são construídos a depender da situação: para quem vou ler? Que intenção tenho com aquela leitura? Como vai se dar o encontro da criança com o livro? Além de variar pela situação, a escolha de um bom livro também passa pela subjetividade: um bom livro para mim pode não ser tão bom para você, já que existem o interesse, o gosto, os critérios e os valores que temos internalizados. Parece impossível listar o que seja 100% bom para todo mundo, mas é possível dizer o que NÃO é bom, o que podemos e o que devemos evitar. Com o cuidado de quem tateia um universo imenso, diverso e um tanto subjetivo, vou destacar alguns pontos que podem ajudar mães, pais e familiares em geral a não cairem em armadilhas no momento de escolher livros para oferecer a suas crianças:

Livros com faixa etária pré-definida: a definição da faixa etária a que se destina tal livro é muito mais uma necessidade comercial, imposta pelo mercado, pelas editoras e livrarias, do que um critério real para definir a qualidade de um livro. Existem livros que se encaixariam em diversas faixas etárias; os bons livros, que se destacam na formação do leitor, não têm idade. Desconfie dessas definições, olhe além.

Livros tratados como objeto prioritariamente comercial: não pode ser a propaganda da editora, a autopromoção na página do facebook do autor ou o setor de marketing da livraria que vai definir o livro que vou escolher para uma criança. É preciso conhecer e reconhecer o livro como um objeto artístico, cultural, algo que merece ser discutido, não somente consumido. O livro é um objeto que possibilita falar sobre a experiência humana de uma maneira muito rica e enriquecedora. A oferta é imensa, temos que ultrapassar os livros que estão expostos nas vitrines, tentar desfazer a relação de consumidor. Onde estão os livros que não são lançamentos? Que não são best-sellers? Aqueles publicados por pequenas editoras? É preciso calma, tempo, cuidado, percorrer as livrarias e as bibliotecas com as crianças, observando para onde vai o olhar delas, e “fuçando” para além dos destaques.

Livros que agregam outros produtos: o critério aqui se repete, a ideia é ir além da relação do consumidor com um produto. Livros com grande apelo sedutor, que torna até difícil dissuadir a criança daquela escolha, porque trazem seu personagem preferido, com adesivos, brindes, passatempos… Não precisamos proibir, mas ampliar a oferta, não nos contentarmos unicamente com livros de leitura fácil, que muitas vezes reforçam estereótipos e não enriquecem o repertório literário. O importante é investir na formação dos nossos filhos, ampliar suas experiências, não deixar que fiquem no “mais fácil”. Temos os livros “fast-food”, que são devorados em uma única sentada, e os livros que trazem um algo a mais, que são lidos e relidos, descobertos, explorados. Apresentar um amplo leque ajuda as próprias crianças a compararem as diferentes experiências leitoras.

Livros que reproduzam estereótipos: é fundamental tomar cuidado com livros que confirmam ou que não se posicionam com relação aos preconceitos de toda espécie. Vamos fugir dos livros que não considerem toda a diversidade de estruturas familiares que existe; que não apresentem a diversidade racial que precisa ser olhada e representada na literatura para as crianças; livros que reforçam a desigualdade entre os gêneros, que seguem diferenciando as “histórias para meninas” das “histórias para meninos”. Boas histórias são para todos, bons livros devem ser lidos por todo leitor que se interessar por aquela obra que está em suas mãos. É importante fugir desses estereótipos, perguntar-se como os livros estão tratando esses assuntos.

Livros que apelam para temas: o apelo a um tema da moda costuma indicar uma armadilha. O problema não são os temas em si, mas qual é o lugar disso e qual é o lugar da literatura? De que forma a literatura pode discutir temas contemporâneos? Importante lembrar que, quando falamos de um bom livro literário, estamos nos referindo tanto à forma quanto ao conteúdo: o que ele fala e como ele fala. Só há uma maneira de descobrir o “como” ele fala: tenho que me demorar no livro para saber o que ele tem a me dizer e como ele vai me dizer. O fato de o livro tratar de um tema importante não faz dele um bom livro literário.

Livros com tendência à “autoajuda mirim”: livros que falam dos problemas cotidianos da criança com soluções fáceis e mágicas, como se as questões ligadas aos sentimentos humanos pudessem ser simples! Não podemos pensar que, pelo leitor ser criança, a solução lhe é simples. E qual a visão que se tem da criança em uma obra que trata os conflitos infantis de maneira tão simplista que não aposta na inteligência da criança? Pergunte-se: será que esse livro traz uma reflexão sobre a experiência humana? Mesmo que tenha leveza, graça, humor, é importante que reflita sobre nossas fragilidades e limitações humanas, que nos possibilite reflexões acerca da nossa existência de maneira inteligente.

Livros que simplificam o livro original (adaptações): muitos clássicos são adaptados para as crianças e oferecidos como se fosse algo incrível ler “Os Miseráveis” em quadrinhos aos sete anos de idade (apenas um exemplo aleatório). Como dissemos anteriormente, a qualidade literária está na forma e no conteúdo. As grandes obras consagradas ocupam esse lugar na história da literatura também pela forma como foram escritas. Se eu preciso adaptar e simplificar uma obra para que ela se torne acessível a uma criança, é bem possível que eu esteja adiantando uma experiência que poderia ser muito mais rica e completa em outro tempo, quando aquele leitor tenha idade para ler o livro original, com a linguagem própria do autor.

Livros que não valorizam a experiência estética, o cuidado na relação texto-imagem: a ampliação do mercado de livros ilustrados é impressionante e riquíssima. É importante buscar livros que primem tanto pela qualidade da linguagem quanto da relação entre a ilustração e o texto. Buscar quem são os ilustradores, fugir das ilustrações estereotipadas, que simplesmente reproduzem o que está sendo dito no texto, que não ampliam a visão sobre o que se lê (a ilustração também é lida), não proporcionam uma nova experiência de fruição.

Por fim, para ampliar a formação de critérios tanto nossos quanto de nossas crianças, temos que dedicar tempo e espaço para a ampliação do repertório de leitura, e, assim, podemos ter mais parâmetros de comparação. Sugerimos visitas às bibliotecas municipais, que contam com acervos ricos e diversificados, possibilitando uma experiência que foge do lugar do consumo que as livrarias proporcionam. Sugerimos também a leitura de sites que se dedicam à leitura e à resenha de títulos sem ligação com o interesse comercial, pensando na literatura para as crianças como um gênero importante, especial e único.

Boas leituras!

Sites especializados em leitura e livros para crianças e jovens:

Revista Emília

A Taba

Biblioteca Parque Villa-Lobos

Fontes do artigo:

Como escolher bons livros para as crianças

Por que os adultos devem ler livros para as crianças

Literatura infantil é, antes de tudo, literatura

*Paula Lisboa atua como mediadora de leitura na Biblioteca José Mindlin, na Unidade Morumbi da Escola da Vila.
Texto originalmente postado no blog da Escola

Coração de tinta

Por Andrea Luize
A história contada no filme ganha outra vida – mais rica e fascinante – nas páginas do livro! Narrada em terceira pessoa, mas pelo ponto de vista da menina Meggie, de 12 anos, entramos no mundo absolutamente mágico dos livros, tão mágico que leva algumas pessoas, como seu pai, a ter o dom de tirar coisas e pessoas das histórias que lê em voz alta e lhes trazer para o mundo real.

A autora utiliza metáforas e comparações, não transpostas para a tela do cinema, estabelendo relações lindas e intensas com outras obras da literatura.

Ler este livro para os filhos, a partir de 9, 10 anos, é um duplo presente: pela inigualável experiência de dividir o prazer da literatura com quem se ama e pelo encanto que esta história oferece.

FUNKE, Cornélia. Coração de tinta. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

O menino do pijama listrado

Por Iara Bárbaro

A história é sobre um menino alemão, Bruno, que na época do nazismo não imagina que sua família está tão envolvida nisso, pois não tem a dimensão do que trata essa época da história. Sofre por ter que morar no interior da Alemanha (o pai foi transferido), mal sabendo que mora na frente de um campo de concentração. É lá que vê as pessoas com roupa listrada e conhece um menino que vai selar o seu destino.

Achei um livro bom. Mas esperava mais. Para as férias é aconselhável.

O filme parece ser melhor.

BOYNE, John. O menino do pijama listrado. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Sandman: noites sem fim

Por Angela Müller de Toledo
Sandman, ou homem-areia, é um personagem originalmente criado por Hans Christian Andersen para a narrativa que no Brasil foi intitulada “O Velho-do-Sono”.

No conto de Andersen, o velho-do-sono sopra areia nos olhos das crianças para fazê-las dormir, é uma espécie de contador de histórias que beneficia as crianças boas com sonhos bons e castiga as más fazendo-as ter um sono pesado e sem sonhos.

O quadrinista inglês Neil Gaiman partiu dessa figura, expandiu a ideia e criou roteiros de histórias em quadrinhos que misturam fantasia, terror e mistério em enredos intrincados e cheios de referências literárias e filosóficas.

Sandman, também chamado de Sonho, ou pelo seu nome grego Morpheus, pertence à família dos Perpétuos e tem seis irmãos: Destino, o mais velho de todos; Morte a personagem mais querida da maioria dos leitores da série; Desejo, uma figura andrógena que Sandman chama de “irmão-irmã”; Desespero; Destruição; e Deleite, a caçula da família, que mais tarde se transformará e será renomeada como Delirium. Cada um desses personagens representa uma condição humana e protagoniza histórias ligadas a esses grandes temas.

Noites sem fim traz sete contos desenhados por sete artistas diferentes, um para cada irmão dos Perpétuos, e é difícil dizer qual é o melhor. Talvez a história preferida seja a primeira, que traz a bela e gótica Morte desenhada por Craig Russell. Ou pode ser que a arte de Miguelanxo Prado, no belíssimo “O coração de uma estrela”, atraia mais a atenção do leitor. No entanto, a história mais impressionante pela beleza plástica e pungência é, sem dúvida, “Quinze retratos de Desespero”, com ilustrações de Barron Storey e design do conhecido Dave McKean. Há uma história inteira em cada quadro e todos os detalhes têm seu valor para a compreensão do todo. São imagens eloquentes que sintetizam com maestria este difícil tema.

Na introdução assinada pelo autor há uma explicação a respeito dos personagens que é bastante esclarecedora: “se este é o seu primeiro encontro com Sandman, é interessante entender que os Perpétuos não são deuses, pois quando as pessoas param de acreditar nos deuses eles deixam de existir. Mas enquanto houver pessoas para viver, sonhar, destruir, desejar, se desesperar, se deleitar ou enlouquecer, viver suas vidas e gostar umas das outras, então existirão os Perpétuos executando suas funções. Eles não se importam nem um pouco se você crê ou não neles.”

Imperdível para aqueles que já gostam do gênero e uma boa oportunidade para os que desejam conhecer uma obra-prima das histórias em quadrinhos.

GAIMAN, Neil. Sandman: noites sem fim. Ilust. Glenn Fabry et al. Trad. Sérgio Codespoti. São Paulo: Conrad, 2003.

Marley & Eu

Por Avana Lima

Você vai rir, se emocionar e se surpreender com este livro. John Grogan sabe que as jornadas que pessoas e cachorros enfrentam juntos são um reflexo de nossa própria humanidade e das alegrias e tristezas, dos altos e baixos de nossas vidas.

John e Jenny eram jovens, apaixonados e estavam começando a sua vida juntos, sem grandes preocupações, até o momento em que levaram para casa Marley, “um bola de pêlo amarelo em forma de cachorro”, que, rapidamente, se transformou num labrador enorme e encorpado de 43 quilos. Era um cão como não havia outro nas redondezas: arrombava portas, esgadanhava paredes, babava nas visitas, comia roupa do varal alheio e abocanhava tudo a que pudesse. De nada lhe valeram os tranquilizantes receitados pelo veterinário, nem a “escola de boas maneiras”, de onde, aliás, foi expulso. Mas, acima de tudo, Marley tinha um coração puro e a sua lealdade era incondicional.

1º lugar na lista dos mais vendidos do The New York Times durante semanas, o livro é resultado do sucesso da coluna que o autor, o jornalista americano John Grogan, que escrevia sobre Marley, seu labrador desajeitado com quem ele aprendeu o que realmente importa na vida.

GROGAN, John. Marley & Eu: vida e amor ao lado do pior cão do mundo. Prestígio.

Cinzas do Norte

Por Daniel Vieira Helene
Li recentemente e gostaria de recomendar o livro Cinzas do Norte, do escritor manauara Milton Hatoum.

Trata da história de dois jovens, Lavo e Mundo, vivendo na Manaus da ditadura militar. Narrado em primeira pessoa por Lavo, o livro conta como Mundo, filho de um magnata da juta amazônica, nasceu, cresceu e se tornou um artista, sucumbindo diante de um mundo cuja realidade  inexorável, ainda que doce e ingênua, pôde ser sentida como dura, sombria e austera.

 

HATOUM, Milton. Cinzas do Norte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.