E NÃO SOBROU NENHUM

por Fernanda de Lima Passamai Perez

Ao largo da costa de Devon, Inglaterra, fica a Ilha do Soldado. O lugar virou destaque na imprensa depois que um milionário norte-americano construiu uma moderna e luxuosa casa onde dava festas extravagantes e muito comentadas. Contudo, em pouco tempo, a ilha mudou de dono. A jovem esposa do proprietário sofria de enjoo do mar e ele teve que vender a casa e a ilha.  Segundo se dizia, a propriedade foi comprada por um tal sr. Owen e posteriormente pela Srta. Gabrielle Turnl, estrela de Hollywood. Só isso já bastava para despertar a curiosidade daquelas dez pessoas que receberam um inesperado convite para um final de semana na famosa Ilha do Soldado.

Nenhum dos hóspedes parecia se conhecer ou ter sido convidado pela mesma pessoa. O fato é que é todos pareciam ter algo em comum : o envolvimento na morte de alguém no passado. Pelo menos foi essa a alegação do anfitrião – que revelou-se mesmo ser o sr. Owen. Após o jantar da primeira noite, através de uma uma voz inesperada, inumana e penetrante, ele expôs a acusação que recaía sobre cada uma das pessoas presentes naquela casa.

A partir desse momento, uma espécie de julgamento sumário aconteceu e mesmo alegando inocência, negando as acusações, as sentenças foram executadas tal aquela canção infantil dos Dez Soldadinhos… até não sobrar nenhum!

E não sobrou nenhum, de Agatha Christie, conhecida como a Rainha do Crime,  é um thriller psicológico e um dos mais conhecido romances da autora. Publicado inicialmente como o Caso dos dez negrinhos (Ten little nigers) na Inglaterra em 1939, o título causou polêmica no mercado americano e foi alterado para Ten little Indians e mais tarde para And Then were none. No Brasil, o livro chegou a ser publicado nos anos 50 com o título de O Caso dos Dez Negrinhos, e desde 2008, com o título de E Não Sobrou Nenhum.

Apesar das polêmicas em torno do título, a história segue divertindo leitores ao redor do mundo que são fisgados pela elaborada narrativa na qual toda palavra pode ser uma pista para tentar descobrir o criminoso antes do final.

Um último aviso : o desfecho sempre é surpreendente!

CHRISTIE, Agatha. E não sobrou nenhum. São Paulo: Globo, 2015.

AUTOCRACIA

por Lucas Meirelles

Autocracia

Autocracia é um livro de histórias em quadrinhos. Mas não histórias em quadrinhos como estamos usualmente habituados a ler. Não há aqui heróis, personagens complexos, uma sequência lógica de história; não há aventura, humor. Como uma crítica ao advento dos automóveis na vida cotidiana, ou uma explicação do porquê vive-se  correndo, o autor Woodrow Phoenix cria imagens de estradas, ruas, curvas, placas, estacionamentos e calçadas para falar do seu tratado sobre “velocidade, poder e morte no mundo motorizado” (subtítulo da capa).

Uma característica notável nesse livro são os “estudos de caso” narrados entre curiosidades sobre as leis de trânsito no Reino Unido e Estados Unidos. São histórias de, como frisa o autor: “acidentes” em que percebe-se quais os papéis de executor e vítima e como a sociedade reconhece ambos.

Livro para ler e repensar, ler e discutir.

PHOENIX, Woodrow. Autocracia. São Paulo: Veneta, 2014.

A TRÁGICA ESCOLHA DE LUPICÍNIO JOÃO

por Fernanda Passamai Perez

Por Fernanda Passamai Perez

Lupicínio João nunca entendeu por que seu pai detestava seu avô materno a ponto da mãe ter que mentir quando levava os filhos para visitá-lo. Tudo bem que aquele senhor não era dos mais simpáticos, o menino mesmo não se sentia a vontade na presença dele, e, agora, diante daquele corpo rijo e sem vida, não sentia nada.

Apesar disso, Lup, como era chamado em casa, teve uma infância comum e feliz. Mas, prestes a completar 13 anos, mudanças em seu corpo anunciavam que além da puberdade, chegara o momento de conhecer o significado daquela marca vermelho rubi abaixo da axila direita: como seu avô, Lupicínio João era um… lobisomem!

Porém, havia uma chance de mudar sua sorte.  No momento certo, ele teria de fazer sua escolha: ser ou não um lobisomem para o resto de sua existência. Sua vida era boa, sem dúvida. Era amado por seus pais e gostava da irmã, mas como resistir ao poder que brotava de si, graças à sua herança?

Esqueça tudo o que você ouviu falar sobre lobisomens e acompanhe o desfecho dessa emocionante história.

SILVEIRA, Maria José. A trágica escolha de Lupicínio João. São Paulo: Scipione, 2012. (Diálogo)