Carolina de Jesus

Olá!

Vamos apresentar alguns perfis biobibliográficos de algumas escritoras e alguns escritores que povoam as estantes de nossas bibliotecas. Também de alguns ilustradores e ilustradoras. A escolhida de hoje é a Carolina de Jesus, que no dia 14 de março de 2020 completaria 106 anos:

Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus foi uma escritora brasileira. Nascida em Sacramento (MG), no ano de 1914 veio morar na cidade de São Paulo em 1937, após idas e vindas entre cidades mineiras e paulistas. De origem humilde, sempre trabalhou em fazendas como lavradora ou empregada doméstica nas cidades. Os pais eram analfabetos, porém conseguiu estudar e aprender a ler quando criança pois a esposa de um fazendeiro resolveu pagar pelos seus estudos, que foram interrompidos logo no segundo ano.

Quando chegou em São Paulo, morou em favelas, em casas construídas por ela mesma e trabalhava como catadora de papel para sustentar a família. Em 1948 muda-se para a favela do Canindé, na zona norte da cidade, e teve seu primeiro filho João José de Jesus. Teve ainda mais dois filhos: José Carlos e Vera Eunice, nascidos em 1949 e 1953 respectivamente. Enquanto trabalhava como catadora, começou a escrever seu diário com registros do cotidiano da vida em comunidade na favela. Esse diário deu origem ao “Quarto de Despejo: diário de uma favelada”, publicado em 1960, com a primeira tiragem de 10.000 exemplares vendida apenas na primeira semana.

Ao longo da vida ainda escreve outros livros, grava um disco onde canta algumas de suas composições, tem seus textos adaptados para cinema e teatro. Aos 63 anos, em 1977, após uma crise de asma morre no sítio dela em Parelheiros – SP. Fez muito sucesso em vida e seus livros foram traduzidos para catorze línguas.

Eis aqui a lista de livros lançados em vida:

Quarto de Despejo (1960) ; Casa de Alvenaria (1961) ; Pedaços de Fome (1963) ; Provérbios (1963)

e as obras póstumas:

Diário de Bitita (1977) ; Um Brasil para Brasileiros (1982) ; Meu Estranho Diário (1996) ; Antologia Pessoal (1996) ; Onde Estaes Felicidade (2014) ; Meu sonho é escrever – Contos inéditos e outros escritos (2018)

Temos nas nossas bibliotecas duas edições do “Quarto de Despejo” e “Carolina”, uma biografia em quadrinhos, feita pelos autores Sirlene Barbosa e João Pinheiro.

 

 

 

 

 

 

 

Parte das informações foram retiradas do site: https://www.vidaporescrito.com/, onde podem encontrar mais curiosidades, fotos e vídeos dessa grande escritora.

TANTA POESIA

Era ele que erguia casas onde antes só havia chão”, inicia Vinicius de Moraes em seu poema O Operário em Construção. Com poesia erguemos casas, sonhos e manifestos. Erguemos nossas vozes para construir palavras, sejam elas de amor, de afeto, sejam de revolta, de luta. Na voz de Ricardo Aleixo:

quanta poesia
fiz enquanto não fazia
tanta poesia

Sem saber nem perceber, fazemos poesia em nossas vidas. E no mês de outubro teremos um dia inteiro para colocar a poesia em evidência, em todas as suas formas e expressões, no tão aguardado XII Festival de Poesia da Escola da Vila!

Para nos preparar, listamos alguns destaques das aquisições recentes do acervo da Biblioteca. Fiquem à vontade para consultar e se aventurar nesse rico universo!

50 poemas de revolta / vários autores. Companhia das Letras, 2017. 143 p.

Desigualdade social, racismo, machismo, incontáveis modalidades de opressão e intolerância: esses são os temas tratados por 34 poetas brasileiros, clássicos e contemporâneos que denunciam os tempos sombrios em que vivemos.

porto alegre, 2016

(…)
agora a colher cai da boca
e o barulho de bomba é ali fora
e a polícia pra cima dos teus afetos
munida de espadas, sobre cavalos

(Angélica Freitas)

 

 

Destino: poesia – antologia / organização: Italo Moriconi. J. Olympio, 2016. 159 p.

Antologia que reúne os cinco maiores nomes da poesia marginal, escrita nos anos 1970, no Brasil. Uma coletânea de poemas irreverentes, melódicos e contestadores, que já entraram para a história da poesia brasileira.

Lar Doce Lar

Minha pátria é minha infância:
Por isso vivo no exílio

(Cacaso)

 

 

 

 

Torquato Neto : melhores poemas / Torquato Neto ; seleção de Cláudio Portella. Global, 2018. 191 p.

Torquato Neto viveu apenas 28 anos, pouco mas suficiente pra deixar sua marca. Foi poeta, jornalista, compositor, agente cultural e defensor das manifestações artísticas de vanguarda, como a Tropicália, o cinema marginal e a poesia concreta.

Soneto da contradição

Faço força em esconder o sentimento
do mundo triste e feio que eu vejo.
Tento esconder de todos o desejo
Que eu não sinto em viver todo o momento
(…)

 

 

Modelos vivos / Ricardo Aleixo. Crisálida, 2010. 155 p.

Ricardo Aleixo é considerado um dos mais inventivos poetas brasileiros contemporâneos. Sua obra é marcada por aspectos da cultura afrobrasileira e pela denúncia ativa do racismo.

Minha linha

Que o dono da fala / nunca / permita que eu saia / da linha / a linha que / quanto mais torta / mais posso dizer / que é a minha (…)

 

 

 

 

Mundo palavreado / Ricardo Aleixo ; ilustrações Silvana Beraldo. Peirópolis, 2013. 113 p.

Re: provérbio

quem nunca comeu farelos
aos porcos se misturando
que atire a primeira
pérola

 

 

 

 

 

 

Pesado demais para a ventania : antologia poética / Ricardo Aleixo. Todavia, 2018. 195 p.

Álbum de família

Meu pai viu Casablanca três vezes (duas no cinema e uma na TV). Meu avô trabalhou na boca da mina. Meu bisavô foi, no mínimo, escravo de confiança.

 

 

 

 

 

 

 

Outros jeitos de usar a boca / Rupi Kaur ; tradução Ana Guadalupe. Planeta, 2017. 208 p.

Outros jeitos de usar a boca é um livro de poemas sobre a sobrevivência. Sobre a experiência de violência, o abuso, o amor, a perda e a feminilidade. Outros jeitos de usar a boca transporta o leitor por uma jornada pelos momentos mais amargos da vida e encontra uma maneira de tirar delicadeza deles.

eu não fui embora porque
eu deixei de te amar
eu fui embora porque quanto mais
eu ficava menos
eu me amava

 

 

 

 

Primeiro caderno do alumno de poesia / Oswald de Andrade. Companhia das Letras, 2018. 39 p.

Edição fac-similar do livro lançado originalmente em 1927, considerado por Augusto de Campos como “possivelmente o mais belo livro de poesia de nosso modernismo”.

As quatro gares
Infancia
O camisolão / O jarro / O passarinho / O oceano / A visita na casa que a gente sentava no sofá
Adolescencia
Aquelle amor / Nem me falle
Maturidade
O Sr. e a Sra. Amadeu / Participam a V. Excia. /  O feliz nascimento / De sua filha / Gilberta
Velhice
O netinho jogou os oculos / Na latrina

 

 

A vida não me assusta / poema de Maya Angelou ; pinturas de Jean-Michel Basquiat ; organizado por Sara Jane Boyers ; tradução Anabela Paiva. DarkSide, 2018. 48 p.

Publicado originalmente há 25 anos e até então inédito no Brasil, o livro reúne os talentos da poeta e ativista Maya Angelou e do artista gráfico Jean-Michel Basquiat: dois artistas com histórias de vida sofridas e infâncias problemáticas, mas que nunca se deixaram intimidar. Não importa o obstáculo, você sempre pode encontrar forças para superá-lo.

Sombras dançando nos muros
Sons que brotam do escuro
Nada na vida me assusta
Cachorros bravos rosnando
Fantasmas voando em bando
Nada na vida me assusta

 

 

 

Quadras paulistanas / Fabrício Corsaletti & Andrés Sandoval. Companhia das Letras, 2013.

Neste livro, Corsaletti se propõe a colocar a poesia – em vez da prosa – a serviço da crônica do cotidiano. Ao lado de fascinantes desenhos do artista Andrés Sandoval, temos aqui versos feitos ao calor da hora, a partir de fatos, encontros e imprevistos do dia a dia.

ônibus cheio: desisto
vou a pé, chego atrasado
menos, porém, que os amigos
que decidem ir de carro

ADOREI MESMO, DE VERDADE

Eu indico porque é uma cultura muito diferente da que a gente está acostumada. É muito legal, ele mostra o ponto de vista de cada um dos lados. Eu queria que a continuação estivesse traduzida. Estou muito curiosa para saber o que vai acontecer com Chagun. Adorei mesmo, de verdade.

Sofia, 5º ano.

Título: Moribito, o guardião do espírito

Autor: Nahoko Uehashi

Editora: WMF Martins Fontes

211 p.